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São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 2003

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MARCELO BERABA

Falta inteligência

RIO DE JANEIRO - Algumas observações ainda sobre a ação do narcotráfico no Rio e as reações da polícia e das autoridades fluminenses.
1 - A discussão sobre o que fazer continua contaminada pelos enfrentamentos provincianos e mesquinharias entre o PT, o PSB de Garotinho e Rosinha e o prefeito Cesar Maia.
2 - O superintendente da PF do Rio, Marcelo Itagiba, o secretário da Segurança, Josias Quintal, e o xerife Cesar Maia agora falam a mesma língua: "enfrentamento", "partir pra dentro", "atirar para matar". Aliás, é o que o povão quer. Extermínio, a começar pelos presídios.
3 - O Exército não está preparado para essa guerra. Além de se desmoralizar, pode virar o grande abastecedor de armas e de seguranças para o tráfico. Aliás, reportagens do "Globo" desta semana mostram que uma boa parte das armas e granadas apreendidas nas mãos de traficantes entraram no Rio legalmente e foram desviadas de quartéis da PM ou das Forças Armadas.
4 - O morro do Alemão e seu complexo de favelas é o epicentro do comando mais violento do Rio. Foi onde foi fechado o acordo com o PCC paulista, onde assassinaram o jornalista Tim Lopes e é de onde partem as primeiras ordens, cumpridas sempre com sucesso, de aterrorizar a cidade. Os projetos econômicos e sociais previstos para resgatar a liberdade das comunidades e expulsar o tráfico não saíram do papel. Nenhum projeto saiu do papel.
5 - A transferência de Beira-Mar não seria necessária se Bangu 1 fosse realmente de segurança máxima.
6 - Rei morto, rei posto. Sai Beira-Mar, entra o Sombra. E o Linho, cadê o Linho?
Faltam armas e carros para a polícia? Pode ser. Faltam homens? Talvez. O que continua faltando principalmente é inteligência, em todos os sentidos.


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