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MARCELO BERABA
Falta inteligência
RIO DE JANEIRO - Algumas observações ainda sobre a ação do narcotráfico no Rio e as reações da polícia e
das autoridades fluminenses.
1 - A discussão sobre o que fazer
continua contaminada pelos enfrentamentos provincianos e mesquinharias entre o PT, o PSB de Garotinho e
Rosinha e o prefeito Cesar Maia.
2 - O superintendente da PF do Rio,
Marcelo Itagiba, o secretário da Segurança, Josias Quintal, e o xerife Cesar Maia agora falam a mesma língua: "enfrentamento", "partir pra
dentro", "atirar para matar". Aliás, é
o que o povão quer. Extermínio, a começar pelos presídios.
3 - O Exército não está preparado
para essa guerra. Além de se desmoralizar, pode virar o grande abastecedor de armas e de seguranças para o
tráfico. Aliás, reportagens do "Globo"
desta semana mostram que uma boa
parte das armas e granadas apreendidas nas mãos de traficantes entraram no Rio legalmente e foram desviadas de quartéis da PM ou das Forças Armadas.
4 - O morro do Alemão e seu complexo de favelas é o epicentro do comando mais violento do Rio. Foi onde foi fechado o acordo com o PCC
paulista, onde assassinaram o jornalista Tim Lopes e é de onde partem as
primeiras ordens, cumpridas sempre
com sucesso, de aterrorizar a cidade.
Os projetos econômicos e sociais previstos para resgatar a liberdade das
comunidades e expulsar o tráfico não
saíram do papel. Nenhum projeto
saiu do papel.
5 - A transferência de Beira-Mar
não seria necessária se Bangu 1 fosse
realmente de segurança máxima.
6 - Rei morto, rei posto. Sai Beira-Mar, entra o Sombra. E o Linho, cadê
o Linho?
Faltam armas e carros para a polícia? Pode ser. Faltam homens? Talvez. O que continua faltando principalmente é inteligência, em todos os
sentidos.
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