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CLÓVIS ROSSI
Paulinho e a China
SÃO PAULO - Temo que Paulo
Nogueira Batista Jr. esteja fazendo
as malas na maior solidão para viajar para Washington, como representante do Brasil junto ao Fundo
Monetário Internacional, o que,
aliás, nem deve ser uma grande novidade para ele.
Afinal, anos atrás, ele fez parte de
um pequeno grupo de economistas
que era ouvido pelo Instituto da Cidadania, uma ONG criada para
manter vivo no noticiário um certo
Luiz Inácio Lula da Silva, entre uma
derrota eleitoral e outra, até a vitória de 2002.
Por tudo o que o economista da
FGV escreveu nesta Folha, durante
os quatro anos do governo Lula, fica a nítida sensação de que tudo o
que ele disse nos anos pré-vitória
entrou por um ouvido e saiu pelo
outro.
Não só ele, aliás. Havia ainda
Aloizio Mercadante, Eduardo Suplicy, Guido Mantega e não muitos
mais. Nenhum deles teve participação relevante na formulação e/ou
na execução da política econômica
no primeiro governo Lula. É verdade que Mantega foi ministro (do
Planejamento) e depois presidente
do BNDES, e Mercadante, líder no
Senado.
Mas Henrique Meirelles, tucano
de origem, apitava muito mais.
Lembro-me bem de uma frase de
Mercadante, sentado a meu lado
em almoço no Itamaraty, oferecido
por Lula, em 2004, ao então primeiro-ministro japonês, Junichiro
Koizumi: "Sinto-me emparedado"
(entre a lealdade ao governo de que
era líder e as críticas que engolia à
política econômica).
A política econômica de Lula-1
foi de Antonio Palocci. Ou, mais
exatamente, de manual básico, com
todas as vantagens e desvantagens
do bê-a-bá. Seria tentador supor
que o Lula-2, ao resgatar Mantega e
Nogueira Batista, seja uma volta às
origens. Mas a China influi mais na
economia (do mundo e do Brasil,
como ficou demonstrado ontem)
do que o próprio presidente.
crossi@uol.com.br
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