São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

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CLÓVIS ROSSI

Paulinho e a China

SÃO PAULO - Temo que Paulo Nogueira Batista Jr. esteja fazendo as malas na maior solidão para viajar para Washington, como representante do Brasil junto ao Fundo Monetário Internacional, o que, aliás, nem deve ser uma grande novidade para ele.
Afinal, anos atrás, ele fez parte de um pequeno grupo de economistas que era ouvido pelo Instituto da Cidadania, uma ONG criada para manter vivo no noticiário um certo Luiz Inácio Lula da Silva, entre uma derrota eleitoral e outra, até a vitória de 2002.
Por tudo o que o economista da FGV escreveu nesta Folha, durante os quatro anos do governo Lula, fica a nítida sensação de que tudo o que ele disse nos anos pré-vitória entrou por um ouvido e saiu pelo outro.
Não só ele, aliás. Havia ainda Aloizio Mercadante, Eduardo Suplicy, Guido Mantega e não muitos mais. Nenhum deles teve participação relevante na formulação e/ou na execução da política econômica no primeiro governo Lula. É verdade que Mantega foi ministro (do Planejamento) e depois presidente do BNDES, e Mercadante, líder no Senado.
Mas Henrique Meirelles, tucano de origem, apitava muito mais. Lembro-me bem de uma frase de Mercadante, sentado a meu lado em almoço no Itamaraty, oferecido por Lula, em 2004, ao então primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi: "Sinto-me emparedado" (entre a lealdade ao governo de que era líder e as críticas que engolia à política econômica).
A política econômica de Lula-1 foi de Antonio Palocci. Ou, mais exatamente, de manual básico, com todas as vantagens e desvantagens do bê-a-bá. Seria tentador supor que o Lula-2, ao resgatar Mantega e Nogueira Batista, seja uma volta às origens. Mas a China influi mais na economia (do mundo e do Brasil, como ficou demonstrado ontem) do que o próprio presidente.


crossi@uol.com.br

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