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São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2003

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UNIÃO CONTRA O CRIME

A manifestação de vários governadores de Estado em favor de um pacto nacional contra o crime organizado não deixa de ser um fato alvissareiro. Também é um daqueles acontecimentos que, se não forem secundados por ações, reforçarão a impressão de que as autoridades apenas se aproveitam do momento de apreensão nacional, despertada por novo surto de ousadia criminosa, para lucrar politicamente.
Em diversas ocasiões no passado recente, diante de clamores populares semelhantes, autoridades anunciaram idéias e planos mirabolantes de segurança pública. Tais promessas, obviamente, não cumpriram seus objetivos declarados e foram solenemente esquecidas tão logo o foco da opinião pública foi desviado para outros temas.
Para deixar o terreno da retórica, um pacto interestadual, coordenado eventualmente pelo governo federal, deveria começar atuando dentro do aparelho do Estado. Não é possível fechar os olhos para o fato de que o crime organizado adquire boa parte de seu vigor através da corrupção de agentes públicos. Desembargadores, delegados, policiais, parlamentares, carcereiros e até governantes não estão imunes ao vasto poder corruptor da alta criminalidade.
Não se trata de "reinventar a roda", de repetir o erro de elaborar e anunciar planos pretensamente revolucionários de combater o crime organizado. A fórmula mais segura de lograr êxito nesse terreno é, também, das mais convencionais: precisa visar ao soerguimento do Estado como agente capaz de prover segurança aos cidadãos. Para tanto, a majoritária banda saudável do poder público precisa encontrar os meios e a determinação necessários para iniciar uma depuração do Estado brasileiro. Nesse sentido, um amplo e profundo apoio de governadores e do presidente da República faz a diferença.


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