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UNIÃO CONTRA O CRIME
A manifestação de vários governadores de Estado em favor
de um pacto nacional contra o crime
organizado não deixa de ser um fato
alvissareiro. Também é um daqueles
acontecimentos que, se não forem
secundados por ações, reforçarão a
impressão de que as autoridades
apenas se aproveitam do momento
de apreensão nacional, despertada
por novo surto de ousadia criminosa, para lucrar politicamente.
Em diversas ocasiões no passado
recente, diante de clamores populares semelhantes, autoridades anunciaram idéias e planos mirabolantes
de segurança pública. Tais promessas, obviamente, não cumpriram
seus objetivos declarados e foram solenemente esquecidas tão logo o foco da opinião pública foi desviado
para outros temas.
Para deixar o terreno da retórica,
um pacto interestadual, coordenado
eventualmente pelo governo federal,
deveria começar atuando dentro do
aparelho do Estado. Não é possível
fechar os olhos para o fato de que o
crime organizado adquire boa parte
de seu vigor através da corrupção de
agentes públicos. Desembargadores, delegados, policiais, parlamentares, carcereiros e até governantes
não estão imunes ao vasto poder corruptor da alta criminalidade.
Não se trata de "reinventar a roda",
de repetir o erro de elaborar e anunciar planos pretensamente revolucionários de combater o crime organizado. A fórmula mais segura de lograr êxito nesse terreno é, também,
das mais convencionais: precisa visar ao soerguimento do Estado como agente capaz de prover segurança aos cidadãos. Para tanto, a majoritária banda saudável do poder público precisa encontrar os meios e a determinação necessários para iniciar
uma depuração do Estado brasileiro.
Nesse sentido, um amplo e profundo apoio de governadores e do presidente da República faz a diferença.
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