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ELIANE CANTANHÊDE
Ritmo de campanha
BRASÍLIA - Quanto mais o governo federal e Lula sofrem com a pancadaria e com as próprias trapalhadas
pós-Waldomiro, mais a reeleição de
Lula se torna uma incógnita e mais o
PT precisa reforçar suas bases nas capitais para compensar o prejuízo.
Não faz dois meses, donos de institutos de pesquisa, sociólogos, analistas políticos, a oposição e a situação
davam a reeleição de Lula como pule
de dez. Eu não fugia à regra. Bastou o
solavanco Waldomiro para expor a
má gestão do governo, as brigas internas e a insatisfação com uma política econômica que o PT sempre
combateu e que levou o país a um
crescimento negativo em 2003.
Hoje, o governo parece catatônico,
e a oposição já se mexe com desenvoltura. Certezas viraram dúvidas. Todas as apostas sobre 2006 estão novamente em aberto. Péssimo para Lula.
Há, entretanto, muito chão até
2006. Há, sobretudo, as eleições municipais. É por isso que o PT está indócil e a aliança PSDB-PFL inclui o
PDT. É este, não aqueles, que caciques tucanos e pefelistas imaginam
acolhendo os do PT e da base governista que não suportarem a pressão e
procurarem novos rumos.
Ganhar a reeleição nas sete capitais
que administra já era importante para o PT antes da crise e ficou ainda
mais agora. Em São Paulo, importantíssimo. E Marta Suplicy é candidata forte, não imbatível.
Na avaliação de setores do próprio
partido, o prefeito petista em melhores condições é Marcelo Déda, de
Aracaju. Em Belo Horizonte e Goiânia, tudo depende de uma mãozinha
dos governadores tucanos Aécio Neves (MG) e Marconi Perillo (GO). Em
Recife e Belém, está difícil.
A ordem é jogar tudo em São Paulo,
pela importância política, econômica
e estratégica, e em Porto Alegre, pela
simbologia -o Rio Grande do Sul e
sua capital eram símbolos do "PT
que dá certo". O Estado já foi parar
nas mãos do peemedebista Rigotto.
Agora, a capital periclita.
Lição básica: quanto mais fraco o
governo, mais cedo a sucessão começa. A de 2006 já está começando.
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