São Paulo, domingo, 28 de março de 2004

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ELIANE CANTANHÊDE

Ritmo de campanha

BRASÍLIA - Quanto mais o governo federal e Lula sofrem com a pancadaria e com as próprias trapalhadas pós-Waldomiro, mais a reeleição de Lula se torna uma incógnita e mais o PT precisa reforçar suas bases nas capitais para compensar o prejuízo.
Não faz dois meses, donos de institutos de pesquisa, sociólogos, analistas políticos, a oposição e a situação davam a reeleição de Lula como pule de dez. Eu não fugia à regra. Bastou o solavanco Waldomiro para expor a má gestão do governo, as brigas internas e a insatisfação com uma política econômica que o PT sempre combateu e que levou o país a um crescimento negativo em 2003.
Hoje, o governo parece catatônico, e a oposição já se mexe com desenvoltura. Certezas viraram dúvidas. Todas as apostas sobre 2006 estão novamente em aberto. Péssimo para Lula.
Há, entretanto, muito chão até 2006. Há, sobretudo, as eleições municipais. É por isso que o PT está indócil e a aliança PSDB-PFL inclui o PDT. É este, não aqueles, que caciques tucanos e pefelistas imaginam acolhendo os do PT e da base governista que não suportarem a pressão e procurarem novos rumos.
Ganhar a reeleição nas sete capitais que administra já era importante para o PT antes da crise e ficou ainda mais agora. Em São Paulo, importantíssimo. E Marta Suplicy é candidata forte, não imbatível.
Na avaliação de setores do próprio partido, o prefeito petista em melhores condições é Marcelo Déda, de Aracaju. Em Belo Horizonte e Goiânia, tudo depende de uma mãozinha dos governadores tucanos Aécio Neves (MG) e Marconi Perillo (GO). Em Recife e Belém, está difícil.
A ordem é jogar tudo em São Paulo, pela importância política, econômica e estratégica, e em Porto Alegre, pela simbologia -o Rio Grande do Sul e sua capital eram símbolos do "PT que dá certo". O Estado já foi parar nas mãos do peemedebista Rigotto. Agora, a capital periclita.
Lição básica: quanto mais fraco o governo, mais cedo a sucessão começa. A de 2006 já está começando.


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