|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ALCKMIN DEVE EXPLICAÇÕES
Ao tornar-se o presidenciável
tucano, há duas semanas, Geraldo Alckmin prometeu "um banho
de ética" na política federal. Vacilou
na primeira chance de mostrar ao
eleitorado brasileiro como trataria
suspeitas de mau uso da máquina
numa hipotética Presidência.
Foi insatisfatória a reação do governador de São Paulo aos indícios de
que a sua gestão interveio na publicidade da Nossa Caixa para beneficiar
deputados estaduais. O enunciado
lacônico de Alckmin -"o governo
não interfere em banco público"-
não dirime as suspeitas levantadas
por mensagens eletrônicas reveladas
em reportagem desta Folha.
O governador disse ter ficado convencido de que a suspeita "não tem a
menor veracidade" em conversa com
o presidente da Nossa Caixa. Não se
sabe o que o dirigente do banco teria
afirmado a seu superior, mas, se erro
houve, a direção da estatal foi no mínimo conivente, e sua palavra deveria
ser confrontada com a de outros envolvidos em investigação isenta.
Se "não há ingerência política em
banco público", por que o assessor
de Comunicações do governador escreveu ao gerente de marketing da
Nossa Caixa para lembrá-lo do "orçamento de nossa campanha"? Por
que dele cobrou o envio do "plano"
do banco ao publicitário que cuidava
de contas da estatal? O afastamento
do encarregado de imprensa do Bandeirantes, além de soar como uma
confissão de que havia, sim, algo de
errado, não esgota essas questões.
Não parecem conformes a padrão
"eminentemente técnico" contratos
de publicidade cujos destinatários
sejam tratados, nas mensagens entre
publicitário e banco, como "lixões".
Pedir ajuda para "acalmar o deputado" tampouco se coaduna com propaganda tecnicamente orientada.
Dizer que as anomalias não serão
investigadas por tratar-se de valores
pequenos é comungar do ideário que
livrou o beneficiário do "valerioduto"
Professor Luizinho (PT-SP) da cassação. É preciso encarar os fatos, investigar e esclarecer as suspeitas. Não
está em jogo apenas o interesse legítimo dos paulistas, mas a palavra
empenhada por um governador que
pretende tornar-se presidente.
Texto Anterior: Editoriais: PALOCCI SAI, A CRISE FICA Próximo Texto: Editoriais: PROTESTOS NA FRANÇA Índice
|