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TRAGÉDIA EDUCACIONAL
Um aspecto salutar da alternância do poder é o de que os
administradores que chegam não estão tão comprometidos com os erros
da gestão anterior, permitindo diagnósticos mais precisos da situação.
Um bom exemplo dessa "liberdade" dos novos governantes está no
estudo, divulgado nesta semana pelo
Ministério da Educação (MEC), sobre a qualidade do ensino, que foi
considerada uma "tragédia". O adjetivo escolhido parece apropriado. De
acordo com dados do Saeb (Sistema
Nacional de Avaliação da Educação
Básica) de 2001, apenas uma pequena minoria dos estudantes -nunca
superior a 11%- apresenta um nível
de conhecimento adequado para a
série em que se encontra.
O Saeb é um exame que avalia conhecimentos de português e matemática aplicado a cada dois anos para alunos da 4ª e 8ª séries do ensino
fundamental e do 3º ano médio. De
acordo com a análise do MEC, o melhor resultado foi o dos estudantes
da 8ª série em língua portuguesa:
10,29% tiveram um desempenho
considerado adequado ou superior
para seu estágio. Em matemática,
porém, esses mesmos alunos da 8ª
série obtiveram o pior resultado: apenas 2,79% foram "aprovados" no
teste, apresentando um nível adequado ou avançado.
No caso da 4ª série, chama a atenção a proporção bastante elevada de
alunos em nível "muito crítico", isto
é, incapazes de ler (22,21%) ou de resolver operações aritméticas elementares (12,53%).
A administração anterior teve o
grande mérito de praticamente universalizar o acesso à escola fundamental. Esse esforço, contudo, não
se fez acompanhar de avanços na
qualidade do ensino. Ao contrário,
há indícios de que ele até piorou um
pouco. O desafio que se coloca agora
para o ministro Cristovam Buarque é
dar um salto qualitativo, em que pese
todas as dificuldades. O que se espera ao fim de sua gestão é que o próximo ministro não possa mais qualificar o aprendizado como "tragédia".
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