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São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2003

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TRAGÉDIA EDUCACIONAL

Um aspecto salutar da alternância do poder é o de que os administradores que chegam não estão tão comprometidos com os erros da gestão anterior, permitindo diagnósticos mais precisos da situação.
Um bom exemplo dessa "liberdade" dos novos governantes está no estudo, divulgado nesta semana pelo Ministério da Educação (MEC), sobre a qualidade do ensino, que foi considerada uma "tragédia". O adjetivo escolhido parece apropriado. De acordo com dados do Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica) de 2001, apenas uma pequena minoria dos estudantes -nunca superior a 11%- apresenta um nível de conhecimento adequado para a série em que se encontra.
O Saeb é um exame que avalia conhecimentos de português e matemática aplicado a cada dois anos para alunos da 4ª e 8ª séries do ensino fundamental e do 3º ano médio. De acordo com a análise do MEC, o melhor resultado foi o dos estudantes da 8ª série em língua portuguesa: 10,29% tiveram um desempenho considerado adequado ou superior para seu estágio. Em matemática, porém, esses mesmos alunos da 8ª série obtiveram o pior resultado: apenas 2,79% foram "aprovados" no teste, apresentando um nível adequado ou avançado.
No caso da 4ª série, chama a atenção a proporção bastante elevada de alunos em nível "muito crítico", isto é, incapazes de ler (22,21%) ou de resolver operações aritméticas elementares (12,53%).
A administração anterior teve o grande mérito de praticamente universalizar o acesso à escola fundamental. Esse esforço, contudo, não se fez acompanhar de avanços na qualidade do ensino. Ao contrário, há indícios de que ele até piorou um pouco. O desafio que se coloca agora para o ministro Cristovam Buarque é dar um salto qualitativo, em que pese todas as dificuldades. O que se espera ao fim de sua gestão é que o próximo ministro não possa mais qualificar o aprendizado como "tragédia".


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