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São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

Publicidade federal

BRASÍLIA - Ainda não é possível prever qual será o resultado final do novo formato das licitações para a publicidade do governo federal. Até porque não está pronto o modelo.
No governo FHC, era impossível saber com segurança quanto o Palácio do Planalto gastava para lustrar a imagem presidencial de forma direta. Nos aniversários do Plano Real, uma empresa estatal ou uma autarquia era obrigada a gastar sua verba para fazer proselitismo da administração federal tucana.
Já no final de seu mandato, FHC promoveu uma grande inovação. A Secretaria de Comunicação foi provida no Orçamento da União de uma verba específica para fazer publicidade institucional. Essa novidade passou a valer para este ano -portanto, para o governo Lula.
O gasto previsto no Orçamento é de R$ 111,9 milhões. Diz o Planalto que haverá um corte para reduzir o valor para algo próximo a R$ 60 milhões. A verba deve ser licitada para três a cinco agências de publicidade, de maneira genérica.
O governo deseja, ao longo do ano, distribuir as campanhas de acordo com a sua especificidade para cada uma das agências licitadas. Para evitar favorecimentos indevidos, nenhuma dessas agências ficará com mais de 40% nem com menos de 5% do valor da conta.
É uma fórmula engenhosa. Se vai dar certo, é outra história.
É inegável que a propaganda institucional de um governo tem um conteúdo estratégico. Não se pode passar informações privilegiadas do presidente da República para um publicitário qualquer, sem que sua agência tenha o mínimo de afinidade com o Palácio do Planalto.
É por essa razão que o modelo está sendo formatado para permitir mais flexibilidade no uso dessa verba. Fonte de problemas e cobiça em administrações passadas, essa montanha de dinheiro será consumida de maneira diferente no governo Lula. É necessário reconhecer que é uma atitude corajosa, mas o resultado só será conhecido ao longo do tempo.


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