São Paulo, quarta-feira, 28 de abril de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Quebrados
"O governador paulista, Geraldo Alckmin, disse na edição de ontem (Brasil, pág. A6) que, sem a cobrança previdenciária dos funcionários públicos inativos, o país quebra. É um acinte à inteligência de qualquer pessoa imaginar que o país pode chegar a uma situação de quebradeira caso os inativos não sejam tributados. O país pode quebrar porque vem sendo quebrado todo os dias por conta e responsabilidade dos que praticam e endossam uma política econômica que concentra riqueza nas mãos de uma minoria e coloca à margem a capacidade de trabalho do seu povo. É bom lembrar, nessa história de quebradeira, que os funcionários públicos aposentados do Estado de São Paulo estão quebrados há muito tempo e que há oito anos suas aposentadorias jamais recebem reajuste."
Nildo Carlos Oliveira (São Paulo, SP)

Liberdade
"Fiquei pasmo ao ler o artigo "Pervertidos e cruéis" ("Tendências/Debates", pág. A3, 27/4). O ensaio do senhor Jorge Boaventura é mal escrito, foge ao próprio tema e só contém argumentos estapafúrdios. O autor não sabe muito bem onde terminar suas frases, de modo que seus argumentos vão misturando-se, perdendo-se em meio a períodos enormes. Qual é a finalidade do texto? Afirmar que nossa sociedade deveria se guiar pelas Sagradas Escrituras? Os cruzados também se estavam guiando por essas mesmas Escrituras, bem como o tribunal do Santo Ofício e os jesuítas que destruíram culturas indígenas nas Américas. E, por falar em "banho de sangue" na França, sugiro ao autor que procure se informar mais sobre uma certa "Noite de São Sebastião". Intolerância religiosa é justamente isso que vemos nesse confuso texto: a premissa de que quem compartilha minha religiosidade está certo e quem não compartilha está errado. Os males do mundo não ocorrem por culpa de "agnósticos, ateus, livres-pensadores, adeptos de uma religiosidade individual", mas por culpa de indivíduos que se julgam superiores a outros. O autor pergunta o que é liberdade. Liberdade é o autor publicar esse texto e eu poder responder a ele aqui. Se estivéssemos na Espanha medieval, eu seria perseguido pela minha resposta. E o autor seria perseguido por causa de seu texto se estivéssemos na finada União Soviética."
João Ricardo de Mendonça Oliveira (Campinas, SP)

Terras
"Em resposta à carta da assessora de comunicação do Incra em São Paulo, Mônica Zebral Quiquinato ("Painel do leitor", 24/4), informo que as afirmações sobre a liberação emergencial de R$ 29 milhões, em 2003, para auxiliar a reforma agrária paulista no Pontal do Paranapanema não procedem. A demora do Ministério do Desenvolvimento Agrário em assinar o convênio em 2003 prejudicou o avanço das negociações em São Paulo, pois o pedido de renovação do acordo, que já existia na gestão do presidente FHC, foi feito em janeiro, sendo assinado somente em 28 de julho, com liberação para efetuar os acordos em final de setembro de 2003. Apesar do pouco tempo, o governo do Estado de São Paulo vistoriou diversas fazendas e fez acordos em cinco delas no Pontal do Paranapanema, em uma na região de Ribeirão Preto (Serra Azul) e em uma área em Cajamar pertencente à Sabesp, totalizando, até agora R$ 24.585.850. Lamentavelmente, o governo federal só liberou R$ 3.959.471,15."
Myrian Pereira, assessora de imprensa da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania (São Paulo, SP)

Emprego
"Fico imaginando como a assessoria do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é mal informada. Quando foi lançado o programa do primeiro emprego, comentei com meus amigos: "Isso não vai dar em nada, pois o primeiro emprego já existe há vários anos, através do CIEE -com custos trabalhistas bastante reduzidos e sem a obrigatoriedade de dispensar empregados durante um ano". Mesmo com as mudanças que o governo pretende fazer em 1º de Maio, o ato não irá atingir seus objetivos."
Odomires Mendes de Paula (Uberlândia, MG)

Diretas-Já
"Por ter sido "homenageado" por esse respeitável jornal em sua edição de 11/4 com a publicação de minha foto em anúncio sobre as "Diretas-Já, 20 anos", gostaria de fazer duas observações. A primeira: a inexplicável ausência de menção e foto do "senhor diretas", o paulista Ulysses Guimarães. A segunda: minha total discordância de que "é difícil reconhecer a cara de quem não apoiou a campanha das Diretas-Já". O deputado Ulysses Guimarães, presidindo a Câmara na sessão de 5/3/85 -seis meses após a rejeição da proposta das "Diretas-Já'-, quando eu me despedia daquela Casa, honrou-me com as seguintes palavras: "A Mesa e seu presidente se associam à homenagem que a Casa prestou, por todas as lideranças, ao eminente e prestigioso deputado Adhemar Ghisi. Todos nós, e eu pessoalmente, tivemos a ventura de conhecê-lo e de acompanhar a sua atividade aqui nesta Casa, representando com dedicação, talento e competência o Estado de Santa Catarina. Sua Excelência faz jus, portanto, a essas homenagens, às quais me associo pessoalmente com toda a Mesa. Sei que Sua Excelência continuará de certo modo a exercitar uma função que se associa a esta Casa, porque o Tribunal de Contas da União, nos termos constitucionais, exerce uma atribuição de fiscalização intimamente vinculada, associada a esta Casa, nos termos da legislação vigente. Continua, portanto, ligado e com as responsabilidades de deputado e membro do Congresso Nacional, agora investido das altas funções de membro do Tribunal de Contas da União. Formulo votos, associando-me às manifestações unânimes dos partidos, de que o deputado Adhemar Ghisi seja lá no Tribunal de Contas da União o que foi aqui, pela sua atuação no Congresso". Ulysses Guimarães, pelo dito, jamais deixou de reconhecer minha cara. Ao registrar a "homenagem" que a Folha me prestou e ao observar as fotos dos que apoiaram e dos que não apoiaram as Diretas-Já, fato que, segundo o jornal, teria mudado a cara do Brasil, pergunto: mudou em que direção?"
Adhemar Paladini Ghisi, ministro do Tribunal de Contas da União (Brasília, DF)

Futebol indoor
"Chega a ser desolador o esvaziamento dos nossos estádios de futebol. O trabalhador, cuja única distração é poder torcer por seu time, está sendo privado de seu lazer por dois fatores principais: 1) pelos preços absurdos dos ingressos e das passagens de ônibus e metrô; 2) pela violência assustadora quase sempre praticada por gangues uniformizadas, compostas em sua maioria por menores de idade, ou seja, pessoas livres para brigar e destruir impunemente. Haverá o dia em que serão realizados campeonatos brasileiros "indoor" para um seleto grupo de potentados espectadores. Bons tempos aqueles em que se pagava a condução e o ingresso com moedas, em que as torcidas eram mais civilizadas e em que a polícia impunha respeito."
Ricardo Toledo de Oliveira e Souza (São Paulo, SP)


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