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VALDO CRUZ
Perguntas sem resposta
BRASÍLIA - Em artigo publicado na Folha, o empresário Benjamin Steinbruch quebrou o silêncio que vinha
mantendo desde que foi veiculada a
história da cobrança de propina na
venda da Vale. Silêncio que era visto
por alguns como uma ameaça.
O empresário dedicou a maior parte de seu texto a rebater declarações
de Antônio Ermírio de Moraes publicadas nesta mesma Folha. Os dois foram adversários na privatização da
Vale. Steinbruch ganhou e levou a
companhia mineradora, da qual já
não é mais sócio.
Enquanto Antônio Ermírio disse
que "talvez não tenhamos oferecido
o que eles queriam", o ex-sócio da
Vale se defendeu dizendo que o dono
da Votorantim estava querendo
comprar a Vale na "bacia das almas".
Steinbruch também negou, em seu
artigo, o caso das "propaladas propinas", classificado por ele como um
"fato absolutamente inverídico".
O empresário dedicou, porém, pouco espaço aos dois tucanos que afirmaram ter ouvido da boca do próprio Steinbruch que ele estava sendo
vítima de uma cobrança de propina.
Paulo Renato Souza e Mendonça
de Barros revelaram há cerca de um
mês, na revista "Veja", que Steinbruch confidenciou a eles que Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa de
campanha de José Serra, era quem
cobrava a comissão.
É bom lembrar que eles repetiram e
confirmaram o caso da cobrança de
propina que envolveria Steinbruch e
Ricardo Sérgio, dando detalhes e circunstâncias das confidências.
Os nomes dos dois tucanos nem foram citados no artigo. Apenas referências indiretas foram feitas. Um
deles foi classificado como totalmente desprovido de credibilidade.
Tudo bem, pode ser que a propina
não tenha existido mesmo. Mas e as
conversas do empresário com os dois
tucanos? Existiram? Eles dizem que
sim. E o que foi dito? Afinal, quem estava pressionando quem?
São perguntas sem resposta. Talvez
nunca serão respondidas. Pelo visto,
mais um esqueleto vai para dentro
do armário. E o leitor, mais uma vez,
se sentirá enganado por alguém.
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