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CARLOS HEITOR CONY
O silêncio das mulheres
RIO DE JANEIRO - O apóstolo são Paulo recomendava que as mulheres
se calassem na igreja. Era machista,
sem dúvida, mas era são Paulo, o homem que fez o Ocidente tal como o
conhecemos, tanto no que temos de
bom como de ruim.
Penso em são Paulo quando vejo a
afobação dos partidos políticos nacionais em busca de candidatas, como apelo ao eleitorado majoritário,
pois consta desde tempos imemoriais
que temos um homem para cada sete
mulheres -cálculo que me parece
mais feminista do que machista.
Sem lembrar as mulheres que governaram povos e regiões, Cleópatra,
Catarina, a Grande, rainha Vitória,
Golda Meir, Margaret Thatcher, temos no cenário doméstico uma governadora negra e uma prefeita loura. E depois do fenômeno Roseana,
teremos Rita Camata, que a esta altura deve estar dando calafrios em
seu consorte, que já foi governador e
certamente terá algum tipo de dossiê
em elaborada gestação.
Muito se discute como a igreja conseguiu atravessar 21 séculos sendo
uma das instituições mais fortes do
Ocidente, apesar de suas falhas e faltas. A menos que se acredite no seu
caráter divino -coisa que a ciência
laica não pode aceitar-, ficamos em
dúvida se a sua permanência na história não se deve ao conselho de são
Paulo, que mandava as mulheres calarem na igreja.
Se elas falassem, talvez a igreja não
tivesse durado tanto tempo, teria se
diluído logo no primeiro século,
quando começaram as mais graves
heresias e apostasias.
Antes que acusem o cronista de
porco chauvinista e machista furioso,
deixo claro que prefiro mulheres no
poder e falando tudo o que quiserem.
Schopenhauer criticava as mulheres,
dizia que todas eram rivais de todas,
pois todas têm uma só missão: conquistar o homem.
E para conquistar o homem, elas
são capazes de tudo, inclusive de serem melhores do que o homem.
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