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HISTÓRIA DE SUCESSO
O caso do Brasil com a Aids é
decididamente uma história
de sucesso. O país foi a primeira nação em desenvolvimento a garantir o
acesso universal dos doentes aos medicamentos anti-retrovirais, capazes
de controlar a moléstia. Com isso,
verificou-se uma significativa redução na mortalidade pela Aids. No
campo da prevenção também têm
surgido boas notícias. Desde o final
da década passada, vem diminuindo
o número de novos casos registrados
no país, o que sugere uma tendência
de queda da epidemia.
Nem tudo, porém, são boas novas.
Observando mais de perto os recém-divulgados dados do Ministério da
Saúde, relativos a 2002, podem-se
identificar vários grupos vulneráveis
que demandam maior atenção das
autoridades, tanto na prevenção como no tratamento. É muito preocupante, por exemplo, o caso das mulheres. A redução da mortalidade feminina pela Aids foi bem menor do
que a masculina. No período entre
1996 (quando começou a distribuição de remédios) e 2002, os óbitos de
homens caíram 42%, contra apenas
18,6% dos de mulheres. No Norte e
no Nordeste as mortes chegaram
mesmo a aumentar.
Uma das explicações para o fenômeno está no fato de que a mulher
não se percebe como possível portadora do vírus e demora a fazer o teste
para detectar a Aids. Quanto mais
tardio o diagnóstico, mais difícil é o
tratamento.
Outro grupo que merece especial
atenção é o dos usuários de drogas
injetáveis. Atribui-se à sua concentração no sul do país a menor redução do número de novos casos nessa
região em 2002 em relação a 2001. Os
dados mais do que justificam a ampliação dos programas de distribuição de seringas para viciados.
O sucesso do Brasil ao lidar com a
Aids levanta uma questão mais incômoda: por que não conseguimos
empenho semelhante quando se trata de combater outras doenças, mesmo em casos que não exigem a aplicação de recursos tão vultosos?
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