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IGOR GIELOW
O gás que o PIB dá
BRASÍLIA - Ainda é cedo para avaliar a sustentabilidade dos números
de expansão do PIB. Do ponto de vista político, porém, é a melhor notícia
que o governo recebeu neste ano. O
Planalto vinha levando um vareio
desde o dia 13 de fevereiro, quando
começou o caso Waldomiro Diniz.
Depois, só crise. A economia cambaleante, pressões externas variadas,
o abril vermelho do MST, o Congresso parado devido à inútil discussão
da reeleição das Mesas, o PMDB conflagrado, reflexos das eleições municipais, o bombardeio à política econômica pelos aliados, a acefalia da
coordenação política, a inação dos
ministros, as intrigas palacianas, greves de servidores, o caso "NYT" -a
lista é longa, e nem se falou aqui das
sálvias vermelhas de Marisa Letícia.
Lula foi buscar no Oriente sua calmaria interna. Conseguiu emplacar
uma agenda externa positiva, como
um presidente americano que vê problemas internos se agravarem e prioriza a política internacional.
Só que o Brasil não é os EUA, e as
pretensões do governo são o que são:
pretensões. E, no particular chinês, a
despeito de boas notícias ainda a
confirmar, a viagem pode acabar
sendo lembrada pela confusão de
uma negociação nuclear incipiente
afetada pela incontinência verbal de
neófitos em assuntos tão delicados.
A partir de hoje, em Guadalajara, a
equipe lulista vai enfrentar negociações mais reais, adiantando o clima
pesado que enfrentará em sua volta.
Em Brasília, esperam Lula no mesmo lugar todos os projetos que o governo disse serem prioritários, essenciais -PPPs e Lei de Falências, entre
outros. As reformas que "aprovou"
no ano passado jazem semimortas,
apodrecendo lá do outro lado da praça dos Três Poderes. Também poderá
ver o Supremo aplicar-lhe um golpe
duríssimo se vetar a cobrança dos
inativos. Isso fora os sortilégios ainda
ocultos da Operação Vampiro, um
manancial de escândalos.
Neste contexto, os dados do PIB vão
dar gás político para o governo. Mas
fôlego não é tudo o que será preciso
para lidar com os problemas à frente.
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