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Trânsito seguro, ar melhor
COMO QUATRO dos cinco prefeitos que o antecederam,
Gilberto Kassab (DEM)
pretende implantar a inspeção
veicular obrigatória na cidade de
São Paulo. Espera-se que ele tenha mais sucesso do que seus
predecessores, pois já há anos a
metrópole se ressente da falta
desse controle.
A inspeção tem um duplo objetivo. Avalia se o carro está emitindo poluentes além dos níveis
permitidos e verifica o funcionamento de 154 itens de segurança,
como freios, suspensão e direção. Os resultados esperados da
iniciativa seriam a melhora na
qualidade do ar -redução dos
gases poluentes da ordem de
30%- e maior segurança no
trânsito -estudos estimam uma
diminuição de 10% nos acidentes, muitas vezes provocados por
falhas mecânicas.
Por que a checagem dos veículos nunca saiu do plano das intenções? Vários fatores conspiram para essa situação. Antes de
mais nada, o marco regulatório é
precário. Além de um cipoal legislativo particularmente confuso, está em curso desde 1995 em
São Paulo um processo licitatório que foi contestado na Justiça.
Por suspeitas de favorecimento,
a concorrência chegou a ser anulada, mas em 2000 foi revalidada
pelo Tribunal de Justiça.
Talvez mais decisivo seja o fato
de que as inspeções tendem a ser
impopulares, uma vez que, em
princípio, os proprietários teriam de arcar com seu custo. Em
2004, o dispêndio anual de cada
veículo era estimado entre R$ 40
e R$ 50. Para remover o obstáculo, Kassab anunciou que as inspeções serão gratuitas. Mas ainda não disse de onde virão os cerca de R$ 275 milhões necessários
para pagá-las.
Seja como for, é preciso vencer
as dificuldades e finalmente implementar a inspeção. Reduções
de 30% na poluição e 10% nos
acidentes são um prêmio valioso
para o trânsito e a cidade.
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