São Paulo, segunda-feira, 28 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Trânsito seguro, ar melhor

COMO QUATRO dos cinco prefeitos que o antecederam, Gilberto Kassab (DEM) pretende implantar a inspeção veicular obrigatória na cidade de São Paulo. Espera-se que ele tenha mais sucesso do que seus predecessores, pois já há anos a metrópole se ressente da falta desse controle.
A inspeção tem um duplo objetivo. Avalia se o carro está emitindo poluentes além dos níveis permitidos e verifica o funcionamento de 154 itens de segurança, como freios, suspensão e direção. Os resultados esperados da iniciativa seriam a melhora na qualidade do ar -redução dos gases poluentes da ordem de 30%- e maior segurança no trânsito -estudos estimam uma diminuição de 10% nos acidentes, muitas vezes provocados por falhas mecânicas.
Por que a checagem dos veículos nunca saiu do plano das intenções? Vários fatores conspiram para essa situação. Antes de mais nada, o marco regulatório é precário. Além de um cipoal legislativo particularmente confuso, está em curso desde 1995 em São Paulo um processo licitatório que foi contestado na Justiça. Por suspeitas de favorecimento, a concorrência chegou a ser anulada, mas em 2000 foi revalidada pelo Tribunal de Justiça.
Talvez mais decisivo seja o fato de que as inspeções tendem a ser impopulares, uma vez que, em princípio, os proprietários teriam de arcar com seu custo. Em 2004, o dispêndio anual de cada veículo era estimado entre R$ 40 e R$ 50. Para remover o obstáculo, Kassab anunciou que as inspeções serão gratuitas. Mas ainda não disse de onde virão os cerca de R$ 275 milhões necessários para pagá-las.
Seja como for, é preciso vencer as dificuldades e finalmente implementar a inspeção. Reduções de 30% na poluição e 10% nos acidentes são um prêmio valioso para o trânsito e a cidade.


Texto Anterior: Editoriais: Dívidas e rigor fiscal
Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Serra, a USP e a foto
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.