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MAU EXEMPLO EM MINAS
A greve das polícias de Minas Gerais teve um desenvolvimento e um
desfecho que podem representar
uma séria ameaça para todo o país.
Ao admitir negociar com um grupo
armado, o governo estadual, além de
ficar na posição de refém, foi tolerante com supostos agentes da ordem que violaram a Constituição,
ameaçando as bases da própria democracia. A atuação do governador
Eduardo Azeredo (PSDB-MG) acabou por chancelar um tipo de comportamento que servirá de péssimo e
perigoso exemplo para corporações
armadas em todo o país.
Azeredo, ao que parece, não dispunha de informações adequadas sobre
o grau de rebeldia na tropa, o que lhe
impediu de agir preventivamente.
Ademais, suscitou descontentamento ainda maior entre soldados, cabos
e praças quando aumentou apenas os
salários de oficiais.
Por fim, Eduardo Azeredo admitiu
submeter-se às imposições de amotinados e falhou ao chancelar a revolta,
atendendo a reivindicações dos grevistas armados.
Entretanto, o respeito ao Estado de
Direito exigiria que o poder público
determinasse a deposição das armas,
punisse rigorosamente os faltosos e
só então dialogasse com os grevistas,
uma vez que a lei, no caso dos PMs,
proíbe toda espécie de greve.
O problema de Minas torna-se ainda mais grave quando se constata
que ele transcende as barreiras do
próprio Estado. Não se ignoram as
dificuldades salariais de quase todas
as corporações das unidades federativas do país. Contudo, se os amotinados mineiros conseguiram, por
força das armas e com a irresponsável conivência do governo estadual,
impor uma parte de suas demandas,
por que outros grupos que dispõem
de armamento e vivem problemas financeiros semelhantes não seriam
levados a imitá-los?
É praticamente inútil imaginar o
caos institucional em que o país submergiria caso prevalecesse esse tipo
de procedimento. As forças policiais
são a medula mesma da ordem. Devem ser respeitadas, mas têm o dever
fundamental de cumprir a lei.
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