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CLÓVIS ROSSI
Quatro Brics, um tijolo
SÃO PAULO - Parece estar ficando mais e mais claro que, dos quatro
Brics (Brasil, Rússia, Índia e China),
aquele que os Estados Unidos tratam realmente como "brick" é a
China (se tijolo pode ser tomado
como sinônimo de solidez).
A partir de hoje, recomeça o Diálogo Econômico Estratégico entre
altos funcionários dos dois países,
lançado na administração Bush, para tratar de assuntos econômicos
bilaterais. Mas Obama ampliou-o
para incorporar uma agenda muito
mais abrangente, o que inclui mudança climática, Coreia do Norte,
Afeganistão e Paquistão.
O espírito G2 da coisa toda é
bem explicado em artigo publicado
domingo e assinado conjuntamente por Timothy Geithner e Hillary
Clinton: "Poucos problemas globais
podem ser resolvidos só pelos
Estados Unidos e China, mas
poucos podem ser resolvidos sem
que Estados Unidos e China estejam juntos".
Para não dizer que os Estados
Unidos estão pinçando apenas a
China, é justo mencionar que, em
recente visita à Índia, Hillary Clinton também desenhou uma parceria estratégica bastante ampla.
Esse balé diplomático interessa
de perto, como é óbvio, ao B dos
Brics, que vem a ser o Brasil. Obama
e Lula já resolveram reativar reuniões setoriais entre ministros dos
dois países, mas a pressa norte-americana parece voltada para a
Ásia, o que é compreensível: na
América Latina, os problemas estratégicos são menores (Honduras)
ou inexistentes, ao contrário do que
ocorre com, por exemplo, Paquistão, Coreia do Norte e Afeganistão.
Mas a questão da mudança climática é global, e China e Brasil (além
de Índia) opuseram-se ao projeto
do mundo rico de fixar metas para a
redução da emissão de gases.
É preciso ver se a China consulta
seus parceiros dos Brics nessa
questão ou prefere o diálogo direto
-enfim o G2 de que tanto se fala.
crossi@uol.com.br
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