|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
É ou não é?
BRASÍLIA - Lula até tem razão
quando pede cuidado com a biografia de investigados e relativiza os
crimes: "Uma coisa é você matar,
outra coisa é roubar, outra coisa é
você pedir um emprego, outra coisa
é relação de influências, outra coisa
é o lobby", disse.
Ok. Realmente, Sarney empregar
o namorado da neta no Senado não
é igual a roubar e matar. Mas...
É justo uma família tão rica fazer
favores com dinheiro público? E os
outros quase 40 familiares e apadrinhados (ao que se saiba) que os Sarney empregaram por aí?
É admissível uma associação dita
beneficente e com o sugestivo nome de Amigos do Bom Menino das
Mercês repassar recursos de patrocínio cultural para a Fundação José
Sarney? Especialmente sendo ambas ligadas à família?
É razoável que o primogênito,
Fernando Sarney, seja simultaneamente secretário de Energia do Maranhão e dono de uma empresa fornecedora de postes de concreto para a mesma secretaria?
É verdade que Sarney é sócio da
neta numa empresa (que tem sede
na casa dele em Brasília) para comprar terras onde há indícios de gás e
petróleo? O que há de causa e efeito
entre a empresa, as terras e as nomeações de Sarney para o Minas e
Energia e a Eletrobras?
É a serviço da oposição ou da mídia que a PF e a Receita estão fazendo essas devassas?
E o que dizer do estado de calamidade pública do Maranhão depois
de meio século de domínio dos Sarney e de seus paus-mandados?
O promotor de Justiça Jorge Alberto de Oliveira Marum, de Sorocaba (SP), envia e-mail querendo
entender a preocupação de Lula
com umas biografias e não com outras: "Se o acusado é adversário do
PT, podemos acusá-lo à vontade,
como foi feito com Collor (1992),
Ibsen Pinheiro, Eduardo Jorge, Yeda Crusius etc. Se ele for aliado do
PT, como Collor (2009), Renan,
Sarney e outros, não devemos tratá-los como pessoas comuns. É isso
mesmo, senhor presidente?".
Taí. Boa pergunta.
elianec@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Quatro Brics, um tijolo Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Grampo Índice
|