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Contas suspeitas
A CRIAÇÃO do Gabinete de
Segurança Integrada
(GSI), reunindo autoridades paulistas e federais para o
combate ao crime organizado
em São Paulo, merece todo
apoio. Enfim os governantes parecem ter percebido que divisões
político-eleitorais nesse tema
são contraproducentes e só beneficiam os interesses mafiosos.
Um sinal de que a união de forças começa a sair do papel é o trabalho, recentemente iniciado
pelos ministérios da Fazenda e
da Justiça, de rastreamento de
mais de 400 contas bancárias
por meio das quais a quadrilha
nascida nos presídios paulistas
PCC movimentaria dinheiro.
As contas suspeitas -e uma
lista de quase mil números telefônicos e mais de cem pessoas
que seriam as principais envolvidas na lavagem desses recursos-
foram fornecidas pelo governo
do Estado de São Paulo.
Sufocar as fontes de financiamento é um meio de combater
organizações criminosas cuja
eficácia é mundialmente comprovada. No caso da gangue paulista, já se sabe que ela custeia
suas ações praticando delitos como narcotráfico, roubo de carga
e extorsão mediante seqüestro.
Os recursos obtidos nessas
ações acabam transitando pelo
sistema financeiro. É comum o
uso de empresas de fachada e redes internacionais de lavagem de
dinheiro para dar aparência de
legalidade a esses fundos.
O desafio agora é que órgãos federais como o Coaf (Conselho de
Controle sobre Atividades Financeiras) desenvolvam ferramentas para lidar com uma rede
de ilegalidades financeiras com a
especificidade da montada pela
máfia paulista. Esta movimenta
volumes de recursos que não são
tão vultosos quanto os que trafegam nas fraudes clássicas do sistema financeiro e, portanto, é
mais difícil de ser monitorada
por uma agência que ainda não
conta com a estrutura desejada.
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