São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 2006

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Contas suspeitas

A CRIAÇÃO do Gabinete de Segurança Integrada (GSI), reunindo autoridades paulistas e federais para o combate ao crime organizado em São Paulo, merece todo apoio. Enfim os governantes parecem ter percebido que divisões político-eleitorais nesse tema são contraproducentes e só beneficiam os interesses mafiosos.
Um sinal de que a união de forças começa a sair do papel é o trabalho, recentemente iniciado pelos ministérios da Fazenda e da Justiça, de rastreamento de mais de 400 contas bancárias por meio das quais a quadrilha nascida nos presídios paulistas PCC movimentaria dinheiro.
As contas suspeitas -e uma lista de quase mil números telefônicos e mais de cem pessoas que seriam as principais envolvidas na lavagem desses recursos- foram fornecidas pelo governo do Estado de São Paulo.
Sufocar as fontes de financiamento é um meio de combater organizações criminosas cuja eficácia é mundialmente comprovada. No caso da gangue paulista, já se sabe que ela custeia suas ações praticando delitos como narcotráfico, roubo de carga e extorsão mediante seqüestro.
Os recursos obtidos nessas ações acabam transitando pelo sistema financeiro. É comum o uso de empresas de fachada e redes internacionais de lavagem de dinheiro para dar aparência de legalidade a esses fundos.
O desafio agora é que órgãos federais como o Coaf (Conselho de Controle sobre Atividades Financeiras) desenvolvam ferramentas para lidar com uma rede de ilegalidades financeiras com a especificidade da montada pela máfia paulista. Esta movimenta volumes de recursos que não são tão vultosos quanto os que trafegam nas fraudes clássicas do sistema financeiro e, portanto, é mais difícil de ser monitorada por uma agência que ainda não conta com a estrutura desejada.


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