São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 2006

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FERNANDO RODRIGUES

O fim da reeleição

BRASÍLIA - Lula, Aécio, Serra e Sérgio Cabral estão se acertando previamente para derrubar a reeleição a partir de 2010.
Eis aí uma razão para não acreditar num futuro positivo para o Brasil. A obsessão por tentar mudar a realidade por meio de uma lei chega ao paroxismo na política local.
A reeleição foi criada em 1997.
Não é possível em menos de uma década testar se uma regra política é boa ou ruim para um país. A alteração só atenderá aos interesses dos políticos já citados e responsáveis por mais essa tramóia.
Os autores da idéia em curso pouco ou nada falam sobre a perda de sincronia entre os mandatos de deputados e senadores com os dos integrantes do Poder Executivo.
Em 1989, o Brasil elegeu Fernando Collor. Ele tomou posse no início de 1990 dizendo que faria reformas profundas. O mandato era de cinco anos, sem reeleição.
O Congresso na posse collorida era velho. Haveria eleição para deputados e senadores no final de 1990. As reformas foram pífias. O resto é história. A queda de Collor se deu, claro, porque ele e sua turma de jecas sedentos por poder fizeram o que todos sabem. Mas houve também um forte componente congressual: o primeiro presidente pós-ditadura, eleito pelo voto direto, estava completamente desconectado do Poder Legislativo.
O que Lula e seus amigos tucanos querem agora é a volta do sistema pré-Collor. O presidente é eleito, toma posse e convive com um Congresso velho, sem o menor desejo nem vontade de trabalhar.
Dizem que o fim da reeleição será acompanhado de fidelidade partidária, financiamento público de campanha e outras quimeras. Bobagem. O que se pretende é apenas resolver problemas pessoais. Além de desestruturar a já frágil estabilidade institucional do país.


frodriguesbsb@uol.com.br


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