São Paulo, sexta-feira, 28 de agosto de 2009

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Editoriais

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Inépcia e letargia

A SEGURANÇA pública no Estado de São Paulo vivia um período benfazejo, com mais notícias tranquilizadoras, como a queda da criminalidade, que preocupantes. Nos últimos tempos, velhas mazelas voltaram a inquietar, como a superlotação de presídios e um repique nos homicídios. Como se não bastasse, o secretário estadual, Antonio Ferreira Pinto, põe-se agora a desqualificar a Polícia Civil, corporação que chefia há apenas cinco meses.
"Resolver todos [os problemas] seria muita pretensão, mas não posso comodamente ficar no meu gabinete tendo ciência de todos esses fatos, uma situação de absoluta inépcia e letargia da Polícia Civil", afirmou Ferreira Pinto, durante um debate.
Quem já necessitou dos serviços da Polícia Civil paulista terá testemunhado, em muitas situações, a ineficiência de setores da instituição, mais solicitada a cevar burocráticos inquéritos do que liquidar investigações. O equívoco do secretário está em fazer uma reprovação genérica, que alveja toda uma corporação com palavras impensadas, antes de colher resultados com ações e providências certeiras.
O deslize mostra-se mais preocupante porque o secretário provém da Polícia Militar, sempre em deletéria disputa com a civil. Arrisca, com ele, acirrar ânimos ainda acesos pelo confronto aberto das corporações na greve de 2008 da Polícia Civil.
A despeito da origem, Ferreira Pinto -que também integrou o Ministério Público e era próximo do ex-secretário Saulo Castro Filho- conquistou prestígio dentro e fora da corporação que agora afronta. Pesa a seu favor a drástica redução das rebeliões quando dirigia a Secretaria de Administração Penitenciária.
A Polícia Civil decerto precisa ser sacudida da letargia, mas o secretário chegou às raias da inépcia ao arriscar, de modo desnecessário, o prestígio acumulado em sua carreira meteórica no governo José Serra.



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