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Editoriais
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Inépcia e letargia
A SEGURANÇA pública no Estado de São Paulo vivia um
período benfazejo, com
mais notícias tranquilizadoras,
como a queda da criminalidade,
que preocupantes. Nos últimos
tempos, velhas mazelas voltaram a inquietar, como a superlotação de presídios e um repique
nos homicídios. Como se não
bastasse, o secretário estadual,
Antonio Ferreira Pinto, põe-se
agora a desqualificar a Polícia Civil, corporação que chefia há
apenas cinco meses.
"Resolver todos [os problemas] seria muita pretensão, mas
não posso comodamente ficar no
meu gabinete tendo ciência de
todos esses fatos, uma situação
de absoluta inépcia e letargia da
Polícia Civil", afirmou Ferreira
Pinto, durante um debate.
Quem já necessitou dos serviços da Polícia Civil paulista terá
testemunhado, em muitas situações, a ineficiência de setores da
instituição, mais solicitada a cevar burocráticos inquéritos do
que liquidar investigações. O
equívoco do secretário está em
fazer uma reprovação genérica,
que alveja toda uma corporação
com palavras impensadas, antes
de colher resultados com ações e
providências certeiras.
O deslize mostra-se mais preocupante porque o secretário provém da Polícia Militar, sempre
em deletéria disputa com a civil.
Arrisca, com ele, acirrar ânimos
ainda acesos pelo confronto
aberto das corporações na greve
de 2008 da Polícia Civil.
A despeito da origem, Ferreira
Pinto -que também integrou o
Ministério Público e era próximo do ex-secretário Saulo Castro Filho- conquistou prestígio
dentro e fora da corporação que
agora afronta. Pesa a seu favor a
drástica redução das rebeliões
quando dirigia a Secretaria de
Administração Penitenciária.
A Polícia Civil decerto precisa
ser sacudida da letargia, mas o
secretário chegou às raias da
inépcia ao arriscar, de modo desnecessário, o prestígio acumulado em sua carreira meteórica no
governo José Serra.
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