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ELIANE CANTANHÊDE
Tudo, ou nada, pode acontecer
BARILOCHE - Faz frio em Bariloche, mas a expectativa é de um clima bem quente na reunião dos 12
presidentes da Unasul (União das
Nações Sul-Americanas). Sem surpresas, portanto. Tão natural quanto o frio aqui nessa época é esquentar o clima em reunião com Chávez,
Morales, Rafael Correa. E, desta
vez, misturados com Alvaro Uribe,
da Colômbia.
Jobim foi a Quito e a Bogotá e diz
que a tensão baixou. Marco Aurélio
Garcia, que estava com ele, fala em
"distensão". OK, mas falta combinar com os amigos dos russos.
Às vésperas da reunião, Chávez
ameaçou seguir o Equador e romper com a Colômbia. O chanceler
colombiano deu o troco, dizendo
que vai chegar aqui botando a boca
no trombone contra o "expansionismo chavista". E os dois embaixadores ecoaram na OEA.
Uribe está na berlinda, por dar liberdade a tropas norte-americanas
de usarem (e abusarem?) de bases
militares colombianas. Leia-se sul-americanas. Como ele não foi à última reunião, em Quito, houve todo
um trabalho para amansar a fera e
trazê-la a Bariloche. O primeiro
cuidado foi jogar a reunião para
campo neutro. O segundo foi uma
agenda que não seja focada só no
acordo Colômbia-EUA e possa contemplar as ligações da Venezuela
com o Irã, com a Rússia e, dizem as
más línguas, com as Farc.
Aí entram em campo Brasil, Argentina e Chile, tentando empurrar
o assunto para uma nova reunião,
agora do Conselho de Defesa, nas
ilhas Galápagos, no Equador. Seriam então criados mecanismos para catalogar os acordos militares, o
armamento e o efetivo de cada país.
Ou seja, parar com o disse-que-disse e botar tudo no papel, para quem
quiser, ou precisar, ver.
Chávez vai puxar para um lado,
Uribe, para o outro, os dois dando
de bandeja para Lula a chance de
brilhar pelo equilíbrio, bom senso e
negociação. Essas coisas que o presidente sabe muito bem como levar
para fora do país. E que tanta falta
fazem dentro do próprio Brasil.
elianec@uol.com.br
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