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ODOR DE IMPUNIDADE
Aquele cidadão paulistano que, por
repugnância ou tédio, ainda não se
enfastiou de vez de observar a política
municipal, acaba de ver comprovada
a suspeita de que o governo de Celso
Pitta e sua bancada de apoio, para
não dizer assédio, negociam mais
um pacto de aval a negócios duvidosos. Trata-se da rodada anual de barganha a fim de barrar uma CPI. Foi o
que ocorreu em 1997 e 1998; é o que
se repete agora devido ao passivo de
suspeitas que Pitta carrega desde antes de chegar ao governo.
Membros da cúpula do pittismo reconheceram ontem para esta Folha
que parte da notória vereança governista optou por deixar engatilhado
um inquérito parlamentar contra o
prefeito, com o fito de angariar favores. Não aprova nem arquiva a CPI
enquanto Pitta não compensar sua
bancada pelo desgaste da cumplicidade, pela má fama decorrente da
guarida aos suspeitos de crimes espalhados pela administração municipal. Nada de novo, nem na cidade ou
na política nacional, decerto.
Vale lembrar, no entanto, que, na
sequência do enterro de CPIs sobre
Pitta e seu governo, os fantasmas
proliferaram, em odor de impunidade. Foi assim que se lotearam administrações regionais, que se garantiram empregos públicos a ociosos
nas empresas do município, que se
fez vista grossa às notas frias e superfaturadas do PAS, que se pagou por
lixo que não foi varrido, que o negocismo se instalou até no serviço de
enterros da prefeitura. A cada CPI
derrubada se ergueram feudos ainda
maiores de locupletação.
Na sequência desses episódios o
pittismo floresceu, obra do encontro
de vereança que excedeu o contumaz
baixo nível da Câmara e de um homem que chegou à prefeitura em débito financeiro e político. Como sabe
o que sucedeu à cidade após as rodadas de barganhas, o cidadão paulistano deve temer o pleno desabrochar
do sistema político instalado por Pitta e Paulo Maluf em São Paulo, o que
decerto sobrevirá se chegar a bom
termo mais um negócio com CPIs.
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