|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O governo FHC saiu desgastado da marcha das oposições sobre Brasília?
SIM
O inferno astral está só começando
VIVALDO VIEIRA BARBOSA
Foi bonita a festa, pá! O compositor
Chico Buarque diria isso se estivesse
conosco na última quinta-feira, como
fez na homenagem à Revolução dos
Cravos, de Portugal.
Foi de pleno êxito a "Marcha dos 100
Mil". Primeiro porque foi efetivamente dos 100 mil. Isto é, para mais de 100
mil, como até estimou o Corpo de
Bombeiros de Brasília, que contou 120
mil pessoas na Esplanada dos Ministérios. Foi aliás a maior manifestação de
Brasília.
Foi bela, ordeira e pacífica. Que belo
troco aos que vieram com a história de
golpismo e que procuraram intimidar
as pessoas com invencionices de
ameaça de quebradeira. O aparelho
policial exagerado acabou ridículo e
inútil.
Todos os participantes tinham nitidez sobre o que queriam: o fim de um
governo que maltrata o país e os cidadãos brasileiros. Os trabalhadores, que
querem emprego e salário digno. Os
aposentados, que exigem respeito. Os
servidores, que sempre esperam tratamento com dignidade dos governantes do dia. Os jovens, que sonham com
uma perspectiva para o futuro. Os cidadãos todos, que esperam viver em
uma nação de respeito. Todos com o
rumo bem definido em suas consciências. Quem ficou sem rumo foi o governo FHC.
É preciso que se compreenda que foi
um ato de oposição. Um protesto. Um
"não" sonoro que muitas consciências
endurecidas não podem deixar de ouvir. A marcha, o protesto e o "não" foram dirigidos a Fernando Henrique
Cardoso. Vitoriosa a marcha, é evidente que FHC saiu bastante chamuscado,
pois um acontecimento como esse não
fica em vão na história.
Os índices de pesquisa já apontam
FHC como mais rejeitado que Collor
na hora do impeachment. A marcha
de quinta-feira foi maior que a do "Fora, Collor", foi mais significativa, foi
humilhante.
A autoridade do presidente definha
aos olhos da nação. E é ele um dos que
mais contribuem para isso. Vive tirando o corpo fora, procurando jogar a
culpa nos outros, dizendo que gostaria
de fazer, mas os outros não fazem ou
não permitem.
O caso dos juros é exemplar. Diz que
gostaria de reduzir as taxas para patamares razoáveis. Mas o que todos
vêem é que o Banco Central não o faz
porque o FMI não deixa, para poder
atrair dinheiro de fora -e para que as
dívidas externas sejam pagas também
com dinheiro de fora. Um bolo que
cresce a cada dia e que não terá fim.
Diante de uma manifestação como
essa, que é um acontecimento histórico, a autoridade do presidente fica ainda mais decadente. Até pelo mundo
afora todos conferirão o desprestígio e
o desgaste do presidente.
O inferno astral de FHC está só começando e deve piorar daqui para a
frente.
Vivaldo Vieira Barbosa, 57, advogado, é deputado
federal pelo PDT-RJ.
Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES O governo FHC saiu desgastado da marcha das oposições sobre Brasília? Arthur Virgílio Neto - Não: Perdeu quem marchou sem norte Próximo Texto: Painel do leitor Índice
|