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Propaganda banida
A PARTIR do dia 1º de janeiro
do próximo ano, estarão
proibidos em toda a cidade de São Paulo outdoors, painéis eletrônicos e faixas. Mais do
que isso, boa parte do comércio e
dos serviços terá de reduzir o tamanho das placas indicativas em
suas fachadas.
A nova lei sobre publicidade
externa aprovada anteontem pela Câmara Municipal é de fato
draconiana. É até surpreendente
que os vereadores, normalmente
tão sensíveis a lobbies, tenham
chancelado o projeto apresentado pelo prefeito Gilberto Kassab
(PFL). Mais do que isso, sob diversos aspectos tornaram-no
ainda mais rigoroso.
Empresas ligadas ao setor de
mídia externa questionam a
constitucionalidade da nova lei.
Alegam que ela fere o princípio
da livre iniciativa e afeta uma atividade econômica cuja regulamentação é atribuição federal.
Caberá à Justiça dar a palavra final, mas parece improvável que
ela negue ao município a competência para legislar acerca da
ocupação e uso do solo, a mais típica de suas prerrogativas.
Esta Folha havia se manifestado favoravelmente a uma norma
mais conciliadora, mas não foi
essa a posição que prevaleceu. É
importante agora fazer com que
a nova lei seja cumprida, ou a
desmoralização será completa.
Um resultado que fique aquém
da retirada quase total da publicidade -a qual poderá ser aferida por qualquer munícipe- será
interpretado como um fracasso
pessoal do prefeito.
Gilberto Kassab faz um jogo
ousado. Sem recursos para grandes investimentos, resolveu
apostar no combate à poluição
visual. Se tiver êxito, conseguirá,
a custo relativamente baixo, deixar uma marca positiva na cidade. Se fracassar, porém, é o próprio poder da prefeitura como
órgão regulador do espaço urbano que sairá desacreditado.
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