São Paulo, quinta-feira, 28 de setembro de 2006

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CLÓVIS ROSSI

As duas abominações

SÃO PAULO - A campanha eleitoral termina com duas marcas: uma inédita "barbárie" (termo usado pelo presidente Lula), na forma da "abominação" (também termo do presidente) praticada por gente do PT/comando de campanha. A eleição acabará "sub judice", o que também é inédito. Segunda marca, igualmente grave: ninguém sabe direito como o Brasil fará para sair da estagnação que o marca há 25 anos, seja qual for o presidente a ser eleito.
O julgamento da miséria social brasileira aparece ano após ano, governo após governo, nos mais diferentes relatórios globais.
Desnecessário repeti-los. Mas há um julgamento que vale, sim, citar. É o ranking de competitividade elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, em que o Brasil fica em um humilhante 68º lugar. Já estava péssimo no ano anterior (57º), conseguiu piorar. Somos imbatíveis em mediocridade.
O dado que importa, entretanto, não é tanto o do Brasil, mas o dos primeiros lugares. Os quatro primeiros (Suíça, Finlândia, Suécia e Dinamarca) são países caracterizados por um belíssimo pacote de proteção social, por um papel importante para o Estado e, no caso da Suíça, pela prática reiterada, contínua, de democracia direta. Se bobearem, a Suíça acabará fazendo plebiscito para decidir a melhor cor do cabelo para homens e mulheres.
Posto de outra forma, chamar o tal de povo para se manifestar regularmente sobre assuntos variados não impede que um país seja campeão mundial de competitividade. Dotar uma nação de fortíssima proteção social tampouco impede que sejam as primeiras do ranking, superando os campeões do ultraliberalismo.
Enquanto isso, no Brasil, nem ultraliberalismo, nem proteção social minimamente adequada, nem consultas populares regulares. Nem competitividade.


crossi@uol.com.br

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