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CLÓVIS ROSSI
As duas abominações
SÃO PAULO - A campanha eleitoral termina com duas marcas: uma
inédita "barbárie" (termo usado pelo presidente Lula), na forma da
"abominação" (também termo do
presidente) praticada por gente do
PT/comando de campanha. A eleição acabará "sub judice", o que também é inédito.
Segunda marca, igualmente grave: ninguém sabe direito como o
Brasil fará para sair da estagnação
que o marca há 25 anos, seja qual
for o presidente a ser eleito.
O julgamento da miséria social
brasileira aparece ano após ano, governo após governo, nos mais diferentes relatórios globais.
Desnecessário repeti-los.
Mas há um julgamento que vale,
sim, citar. É o ranking de competitividade elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, em que o Brasil fica em um humilhante 68º lugar. Já
estava péssimo no ano anterior
(57º), conseguiu piorar. Somos imbatíveis em mediocridade.
O dado que importa, entretanto,
não é tanto o do Brasil, mas o dos
primeiros lugares. Os quatro primeiros (Suíça, Finlândia, Suécia e
Dinamarca) são países caracterizados por um belíssimo pacote de
proteção social, por um papel importante para o Estado e, no caso da
Suíça, pela prática reiterada, contínua, de democracia direta.
Se bobearem, a Suíça acabará fazendo plebiscito para decidir a melhor cor do cabelo para homens e
mulheres.
Posto de outra forma, chamar o
tal de povo para se manifestar regularmente sobre assuntos variados
não impede que um país seja campeão mundial de competitividade.
Dotar uma nação de fortíssima
proteção social tampouco impede
que sejam as primeiras do ranking,
superando os campeões do ultraliberalismo.
Enquanto isso, no Brasil, nem ultraliberalismo, nem proteção social
minimamente adequada, nem consultas populares regulares. Nem
competitividade.
crossi@uol.com.br
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