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ELIANE CANTANHÊDE
Segundo turno é possível
BRASÍLIA - Lula se mantém solidamente nos 49% do Datafolha e
tem 53% dos votos válidos, mas a
queda de 8 para 5 pontos de diferença para seus adversários tornou
o segundo turno possível. Sinal
amarelo na campanha de Lula.
Primeiro resultado: ele deverá ir
hoje à noite ao debate da Rede Globo. Uma decisão difícil, mas acertada. Lula tem que arriscar. É melhor
partir para a guerra e se defender do
que ficar esperando ser flechado
pelo segundo turno, sem reagir.
Desde o início, Lula não tinha para onde correr. Se não fosse ao debate, perderia. Se fosse, perderia
também. Não ir é suportar os três
adversários dizendo cobras e lagartos diante da imagem, negativa, de
uma cadeira vazia. Ir é entrar numa
arena de três contra um.
O cálculo que ele e seus assessores mais próximos faziam ontem
era como perder menos. O desempate foi dado pelas pesquisas. Com
o cerco se fechando, a alternativa é
participar ou participar. Não ir é
perder na certa. Ir é tentar reduzir a
perda. E seja o que Deus e os telespectadores quiserem.
O grande problema de Lula é Heloísa Helena. Cristovam Buarque
não tem força política, história e
nem mesmo voz para constranger
Lula. Alckmin construiu uma imagem muito certinha e não tem como virar agressivo abruptamente.
Poderá até forçar o adversário no
conteúdo das denúncias, mas não
na forma -e TV é forma. É justamente aí que entra HH.
Se você perguntar, dez entre dez
políticos homens se pelam de medo
de debater publicamente com uma
adversária mulher. Se for para cima, agressivamente, passa covardia. Se agüentar calado, passivamente, passa fraqueza. É sempre
um terreno pantanoso. E se a mulher chora? E se se faz de vítima? E
se assume o personagem "mãe zangada" dando bronca no filho?
A eleição ferve na última hora,
graças a dossiê, a R$ 1,7 milhão, a
churrasqueiros. Grande PT!
elianec@uol.com.br
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