São Paulo, quinta-feira, 28 de setembro de 2006

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ELIANE CANTANHÊDE

Segundo turno é possível

BRASÍLIA - Lula se mantém solidamente nos 49% do Datafolha e tem 53% dos votos válidos, mas a queda de 8 para 5 pontos de diferença para seus adversários tornou o segundo turno possível. Sinal amarelo na campanha de Lula.
Primeiro resultado: ele deverá ir hoje à noite ao debate da Rede Globo. Uma decisão difícil, mas acertada. Lula tem que arriscar. É melhor partir para a guerra e se defender do que ficar esperando ser flechado pelo segundo turno, sem reagir.
Desde o início, Lula não tinha para onde correr. Se não fosse ao debate, perderia. Se fosse, perderia também. Não ir é suportar os três adversários dizendo cobras e lagartos diante da imagem, negativa, de uma cadeira vazia. Ir é entrar numa arena de três contra um.
O cálculo que ele e seus assessores mais próximos faziam ontem era como perder menos. O desempate foi dado pelas pesquisas. Com o cerco se fechando, a alternativa é participar ou participar. Não ir é perder na certa. Ir é tentar reduzir a perda. E seja o que Deus e os telespectadores quiserem.
O grande problema de Lula é Heloísa Helena. Cristovam Buarque não tem força política, história e nem mesmo voz para constranger Lula. Alckmin construiu uma imagem muito certinha e não tem como virar agressivo abruptamente.
Poderá até forçar o adversário no conteúdo das denúncias, mas não na forma -e TV é forma. É justamente aí que entra HH.
Se você perguntar, dez entre dez políticos homens se pelam de medo de debater publicamente com uma adversária mulher. Se for para cima, agressivamente, passa covardia. Se agüentar calado, passivamente, passa fraqueza. É sempre um terreno pantanoso. E se a mulher chora? E se se faz de vítima? E se assume o personagem "mãe zangada" dando bronca no filho?
A eleição ferve na última hora, graças a dossiê, a R$ 1,7 milhão, a churrasqueiros. Grande PT!


elianec@uol.com.br

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