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PLÍNIO FRAGA
O voto e a brisa
RIO DE JANEIRO - Depois da
pesquisa Datafolha divulgada ontem, a questão que se coloca como a
mais importante na eleição do Rio
agora é saber se o crescimento acelerado de Fernando Gabeira (PV)
pode ser contido pelos adversários.
No início do horário eleitoral em
agosto, Gabeira tinha 8%, passou
para 11% e agora tem 15%. Uma linha clara de ascensão. Seu problema é que esse crescimento é puxado
pelas faixas do eleitorado de maior
renda e maior escolaridade, um
universo de cerca de 500 mil pessoas entre 4,5 milhões de eleitores.
Há um mês Gabeira estava em segundo nesse eleitorado, empatado
com Jandira Feghali (PC do B). Há
duas semanas, mantinha a segunda
posição, mas tendo Eduardo Paes
(PMDB) à frente. Na pesquisa divulgada ontem, bate Eduardo Paes
-líder isolado com 29% das intenções de voto- por 31% a 21% entre
os mais ricos e tem 26% contra 22%
entre os mais escolarizados.
Paes constrói sua candidatura
entre os setores de menor renda e
menor escolaridade, fatia amplamente majoritária no eleitorado,
faixas em que obtém quatro pontos
percentuais a mais do que sua média em toda a cidade. Disputa o
mesmo eleitorado que Marcelo Crivella (PRB), estável em 18% -índice muito próximo ao que obteve no
primeiro turno da eleição de 2004
(20%). Jandira (13% dos votos) segue com uma penetração equilibrada nas diversas faixas, variando entre 11% e 14% em cada estrato.
O eleitorado carioca é propenso a
viradas de última hora. Em 2000,
nos últimos dez dias de campanha,
Conde liderava, mas acabou batido
por Cesar Maia. Em 2004, Maia assegurou na reta final a vitória no
primeiro turno, superando em apenas 0,11% o total de votos necessários para fazê-lo. Neste ano, mais
uma vez, a apuração será tensa. Não
por fraudes, como no passado, mas
em razão da vontade do eleitorado
carioca variar conforme a brisa do
mar.
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