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Um erro de Netanyahu
Mal foram retomadas, após interrupção de mais de um ano, as
negociações diretas de paz entre
Israel e a Autoridade Nacional Palestina, e já se veem ameaçadas
pela decisão do governo israelense de não renovar a moratória sobre as construções de assentamentos judaicos na Cisjordânia.
Por enquanto, a ANP ainda não
decidiu suspender o diálogo, mas
seu presidente, Mahmoud Abbas,
já forneceu indícios da intenção
de fazê-lo ao afirmar publicamente que as conversas são uma "perda de tempo".
Os assentamentos na Cisjordânia são um dos temas mais sensíveis na mesa de negociação. Cerca
de 500 mil israelenses vivem na
Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, territórios reivindicados pelos
palestinos para a construção de
seu futuro Estado.
Se a reivindicação palestina será atendida ou não é um tema que
deve ser resolvido nas tratativas
diplomáticas entre as partes; enquanto não se chega a uma solução, porém, é reprovável a retomada das construções, que visa a
contribuir para a consolidação de
um status quo de difícil reversão.
Ainda que a intenção de Israel
não seja boicotar as negociações
recém-reiniciadas, pode ser justamente esse o efeito da medida. A
diplomacia norte-americana trabalhou longamente para convencer os palestinos a voltar ao diálogo, do qual haviam se retirado
após a ofensiva militar israelense
contra a faixa de Gaza, entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009.
Agora, Abbas pode ser pressionado por aliados a novamente interromper as conversas.
A fragilidade de sua coalizão de
governo, constituída em larga medida por partidos ultranacionalistas que não reconhecem a necessidade da criação de um Estado palestino e incentivam a construção
de novos assentamentos, torna
delicada a situação do premiê israelense, Binyamin Netanyahu.
Se quer mostrar compromisso
com o diálogo, o primeiro-ministro deveria rever sua posição e voltar a suspender as construções
nos territórios palestinos.
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