São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2010

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Um erro de Netanyahu

Mal foram retomadas, após interrupção de mais de um ano, as negociações diretas de paz entre Israel e a Autoridade Nacional Palestina, e já se veem ameaçadas pela decisão do governo israelense de não renovar a moratória sobre as construções de assentamentos judaicos na Cisjordânia.
Por enquanto, a ANP ainda não decidiu suspender o diálogo, mas seu presidente, Mahmoud Abbas, já forneceu indícios da intenção de fazê-lo ao afirmar publicamente que as conversas são uma "perda de tempo".
Os assentamentos na Cisjordânia são um dos temas mais sensíveis na mesa de negociação. Cerca de 500 mil israelenses vivem na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, territórios reivindicados pelos palestinos para a construção de seu futuro Estado.
Se a reivindicação palestina será atendida ou não é um tema que deve ser resolvido nas tratativas diplomáticas entre as partes; enquanto não se chega a uma solução, porém, é reprovável a retomada das construções, que visa a contribuir para a consolidação de um status quo de difícil reversão.
Ainda que a intenção de Israel não seja boicotar as negociações recém-reiniciadas, pode ser justamente esse o efeito da medida. A diplomacia norte-americana trabalhou longamente para convencer os palestinos a voltar ao diálogo, do qual haviam se retirado após a ofensiva militar israelense contra a faixa de Gaza, entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009. Agora, Abbas pode ser pressionado por aliados a novamente interromper as conversas.
A fragilidade de sua coalizão de governo, constituída em larga medida por partidos ultranacionalistas que não reconhecem a necessidade da criação de um Estado palestino e incentivam a construção de novos assentamentos, torna delicada a situação do premiê israelense, Binyamin Netanyahu. Se quer mostrar compromisso com o diálogo, o primeiro-ministro deveria rever sua posição e voltar a suspender as construções nos territórios palestinos.


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