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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Mais indecisos e "marola verde"
SÃO PAULO - Aumentou muito a
chance de que a eleição presidencial vá para o segundo turno. Há 15
dias, a vantagem de Dilma Rousseff
sobre a soma dos demais adversários era de 12 pontos. Havia caído
na semana passada para 7 pontos.
Agora, conforme o Datafolha, ficou
reduzida a dois pontos (46% a
44%). Dilma tem hoje 51% dos votos válidos. Sua trajetória é descendente e a eventual vitória no domingo já está na margem de erro.
Há, a rigor, dois movimentos simultâneos e combinados igualmente relevantes nessa fase final
da campanha. O mais visível deles
na pesquisa realizada ontem é a
erosão da candidatura petista. Dilma perdeu três pontos em relação à
pesquisa anterior e cinco pontos
percentuais em menos de 15 dias
(recuou de 51% para 46%).
Nem todos esses votos que sumiram da mesa petista foram parar na
cesta dos adversários. O número de
eleitores indecisos aumentou -de
5% para 7%-, quando seria mais
esperado agora que diminuísse.
Parece óbvio que o desgaste de
Dilma está relacionado ao escândalo envolvendo Erenice Guerra na
Casa Civil ou, ainda, ao acúmulo de
notícias negativas que rondam sua
campanha desde que veio à tona a
violação dos sigilos na Receita. Ou
seja, uma franja do eleitorado de
Dilma quer agora "pensar melhor".
Outra parte, ao que parece, "marinou". A marolinha verde, em curso desde pelo menos a semana passada, é o segundo fenômeno importante dessa reta de chegada. Depois
de permanecer estacionada por
muito tempo, Marina Silva passou
de 11% para 14% em menos de 15
dias. É ela -e não Serra, estável nos
28%- quem tira votos de Dilma.
Isso reforça a percepção de que,
além do apelo ambiental, a candidatura Marina representa também
uma espécie de reserva ética, capaz
de atrair, mais do que o tucano, a
insatisfação de setores da esquerda
(não só deles) diante dos desmandos cometidos pelo PT ou pelo governo Lula. Há, na ondinha verde,
alguma ressaca da maré vermelha.
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