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São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 2003

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GAFANHOTOS E ANACONDAS

Depois das revelações sobre a corrupção de juízes que vieram à tona com a chamada Operação Anaconda, agora foi a vez de a Polícia Federal, em sintonia com o Ministério Público, investir contra um suposto esquema de fraude e desvio de verbas públicas no Estado de Roraima. Anteontem foram presos o ex-governador Neudo Campos e mais 40 pessoas, todos acusados de participar das irregularidades.
Se confirmados os indícios, que parecem fortes, teremos um escândalo no qual a imaginação criminosa aposta na impunidade e na ineficiência da máquina pública para embolsar dinheiro do contribuinte.
Como foi divulgado, o golpe consistiria no cadastramento de pessoas na folha de pagamento do Estado de Roraima -cujos salários seriam em parte desviados para o bolso da quadrilha. Mais de 5.000 pessoas foram aliciadas para dar cobertura ao esquema. Eram chamadas de "gafanhotos", justamente porque "comiam" as verbas públicas. A PF estima que as fraudes podem atingir cerca de R$ 230 milhões.
Casos como esses demonstram que a corrupção continua sendo um dos mais graves problemas do país. Certamente é preciso que se criem melhores condições de controle nas diversas instâncias do poder público. Muito das irregularidades cometidas contam com a opacidade e a desorganização das burocracias e máquinas governamentais.
O fato, porém, de que investigações e operações policiais desse porte venham sendo realizadas com êxito é, sem dúvida, auspicioso. Nada melhor para a proliferação do crime do que a expectativa de impunidade. Por isso mesmo, é indispensável identificar irregularidades, levantar as evidências e punir os culpados, sejam eles juízes ou políticos.


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