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São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 2003

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CLÓVIS ROSSI

Desemprego e simbolismos

SÃO PAULO - Não deixa de ter um certo simbolismo o fato de que o desemprego na região metropolitana de São Paulo registrou o pior mês de outubro desde que a pesquisa da Fundação Seade/Dieese foi lançada, no exato ano da redemocratização do país (1985).
A Grande São Paulo foi o berço do PT, foi o berço do renascimento do sindicalismo combativo, quando o regime militar soltou um pouco as rédeas, e continua sendo a incubadeira de novas lideranças para entidades sindicais e para o próprio PT (Luiz Marinho, Vicente Paulo da Silva, Jair Meneguelli, para citar apenas três das caras já não tão novas no mundo político-sindical).
O outubro negro no berço do PT se dá exatamente no governo do PT.
Como ocorre no governo do PT (Partido dos Trabalhadores, se alguém ainda lembra) o crescimento para 12,9% da porcentagem de desempregados nas seis maiores regiões metropolitanas do país, conforme os dados divulgados pelo IBGE.
Quando terminou o governo Fernando Henrique, a porcentagem de desempregados era de 10,5%. Subiu, portanto, 2,4 pontos percentuais.
Em número absolutos: o governo do PT desempregou algo mais de 500 mil pessoas nos seus dez primeiros meses, em vez de criar empregos. Só para lembrar: havia prometido criar 10 milhões em quatro anos.
Dirão os petistas que é culpa da tal "herança maldita". Em parte é até verdade, mas só em parte. A verdade completa está na frase, de resto acaciana, do ministro do Trabalho, Jaques Wagner, para quem só o crescimento cria emprego.
Ótimo. Cadê o "espetáculo do crescimento" que o próprio presidente anunciara como iminente em meados do ano? Se a herança era maldita, o PT até agora apenas onerou-a ainda mais.


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