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CLÓVIS ROSSI
Desemprego e simbolismos
SÃO PAULO - Não deixa de ter um
certo simbolismo o fato de que o desemprego na região metropolitana de
São Paulo registrou o pior mês de outubro desde que a pesquisa da Fundação Seade/Dieese foi lançada, no
exato ano da redemocratização do
país (1985).
A Grande São Paulo foi o berço do
PT, foi o berço do renascimento do
sindicalismo combativo, quando o
regime militar soltou um pouco as rédeas, e continua sendo a incubadeira
de novas lideranças para entidades
sindicais e para o próprio PT (Luiz
Marinho, Vicente Paulo da Silva, Jair
Meneguelli, para citar apenas três
das caras já não tão novas no mundo
político-sindical).
O outubro negro no berço do PT se
dá exatamente no governo do PT.
Como ocorre no governo do PT
(Partido dos Trabalhadores, se alguém ainda lembra) o crescimento
para 12,9% da porcentagem de desempregados nas seis maiores regiões
metropolitanas do país, conforme os
dados divulgados pelo IBGE.
Quando terminou o governo Fernando Henrique, a porcentagem de
desempregados era de 10,5%. Subiu,
portanto, 2,4 pontos percentuais.
Em número absolutos: o governo
do PT desempregou algo mais de 500
mil pessoas nos seus dez primeiros
meses, em vez de criar empregos. Só
para lembrar: havia prometido criar
10 milhões em quatro anos.
Dirão os petistas que é culpa da tal
"herança maldita". Em parte é até
verdade, mas só em parte. A verdade
completa está na frase, de resto acaciana, do ministro do Trabalho, Jaques Wagner, para quem só o crescimento cria emprego.
Ótimo. Cadê o "espetáculo do crescimento" que o próprio presidente
anunciara como iminente em meados do ano? Se a herança era maldita, o PT até agora apenas onerou-a
ainda mais.
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