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Sete anos depois
A CONFERÊNCIA para a paz
no Oriente Médio de Annapolis (cidade americana
perto de Washington) foi pouco
mais do que uma ocasião para
posar para fotos. Em termos objetivos, o premiê israelense,
Ehud Olmert, e o presidente palestino, Mahmoud Abbas, concordaram apenas em sentar-se
para discutir o problema.
A situação do processo de paz
entre israelenses e palestinos,
entretanto, estava tão ruim que
mesmo esse pequeno acordo já
significa avanço. Desde o fracasso da cúpula de Camp David, em
2000, as duas partes não se encontram para debater o estatuto
final do acordo. Ontem Olmert e
Abbas assinaram uma declaração conjunta -que passa ao largo das questões centrais que bloqueiam as negociações.
Também é significativo que os
22 países da Liga Árabe tenham
comparecido ao encontro. Fizeram-no mais para evitar ser responsabilizados por um eventual
fracasso, mas o fato é que pela
primeira vez estavam todos lá e
viram Olmert discursar.
Merece especial destaque a
presença da Síria, país que os
EUA acusam de patrocinar o terrorismo. O simples fato de Damasco ter enviado o vice-chanceler já marca uma fissura na
aliança entre sírios e iranianos.
Um dos objetivos não-declarados da cúpula era isolar Teerã,
cuja influência no Oriente Médio
vem crescendo em detrimento
da norte-americana.
O problema, ainda intocado, é
que tanto Olmert como Abbas
são líderes enfraquecidos, com
baixa capacidade para negociar
concessões. O premiê israelense
perdeu a maior parte de seu capital político após a desastrada
guerra contra o Hizbollah no Líbano, há um ano e meio.
A situação de Abbas é pior. Ele
perdeu o controle sobre parte do
território palestino, depois que o
grupo extremista islâmico Hamas tomou o poder em Gaza, há
seis meses. George W. Bush decidiu convocar a conferência para
fortalecer Abbas. Nesse quesito,
a estratégia deu certo.
Em suma, para os que nutriam
baixas expectativas em relação a
Annapolis, a conferência até que
trouxe um saldo positivo. Mas,
para quem desejava avanços
concretos no processo de paz, o
resultado frustra.
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