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Um diploma anacrônico
FERNANDO RODRIGUES
Brasília - Um dos debates mais quentes de 97 foi sobre os abusos da mídia.
A morte da princesa Diana marcou
o ápice do debate. Até que ponto podem jornalistas se meter na vida privada das pessoas?
Aqui no Brasil, o governo tucano reclama da imprensa. Jornalistas que
continuam a mostrar o terceiro-mundismo do país estariam prestando um
desserviço à nação. Inventou-se até
uma expressão: fracassomania.
No Congresso, houve um momento
em que uma nova lei de imprensa
quase foi aprovada. Queriam acabar
com a liberdade de expressão. Multas
altas levariam à falência a maioria
das empresas de comunicação.
Por sorte, o projeto continua encalacrado nos trâmites legislativos e nas
vontades dos parlamentares -esses,
ávidos para tirar uma casquinha dos
jornalistas que não os deixam negociar seus votos com tranquilidade.
O curioso disso tudo é que ficou abafada um antiga discussão sobre a obrigatoriedade do diploma universitário
(curso de comunicação social) para o
exercício da profissão de jornalista.
Acabar com essa exigência anacrônica é um dos primeiros passos para
melhorar o que é produzido por jornais, rádios e TVs.
Profissão diversa da de médico e de
engenheiro, entre outras, a de jornalista não coloca em risco a vida das
pessoas. Médico não pode errar durante uma operação. Já um jornalista
escreve "essessão" e ninguém morre.
Ainda assim, as empresas de comunicação no país são obrigadas a contratar jornalistas apenas entre os estudantes que passam quatro anos
aprendendo história da imprensa e
teoria da comunicação -e, muita vezes, não sabem regra de três.
É claro que os cursos de jornalismo
são úteis. Nada contra. Mas não são
essenciais para o exercício da profissão. Os jornais ganhariam muito se as
redações pudessem ser povoadas por
mais médicos, engenheiros, filósofos e
historiadores.
Só que esse é o tipo de discussão
complicada, da qual os parlamentares
querem fugir. Afinal, é duro combater
um cartório tão forte como o dos jornalistas da academia.
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