São Paulo, segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

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Alerta no Afeganistão

NÃO É apenas no Iraque que surgem "efeitos colaterais adversos" da intervenção militar norte-americana. Também no Afeganistão a situação está se deteriorando, ainda que em escala muito menor.
O sinal de que as coisas não vão bem veio dos americanos, que anunciaram um aumento para US$ 10,6 bilhões na ajuda -principalmente militar- ao país centro-asiático. A secretária de Estado, Condoleezza Rice, deixou claro que espera dos europeus a adoção de medidas semelhantes.
A intervenção dos EUA no Afeganistão -justificada reação aos atentados de 11 de Setembro- logrou destituir do poder o odioso regime do Taleban (que dava guarida ao grupo terrorista de Bin Laden) e instalar um governo democrático. Mas os combatentes do Taleban já se reorganizaram no sul do país e lançam ataques esporádicos contra tropas da Otan e milícias rivais.
No ano passado, a violência deixou um saldo de 4.000 mortos, o maior desde a queda do regime, em 2001. Teme-se que o grupo deposto esteja preparando uma ofensiva de primavera.
A reorganização do Taleban foi possível graças aos recursos obtidos com o tráfico de ópio, cuja área de cultivo cresceu 59% no ano passado. As plantações afegãs, que estiveram perto de ser extintas quando o Taleban estava no poder, respondem hoje por 92% da oferta global de ópio.
Outro ponto sensível são as relações entre o Taleban e o serviço secreto paquistanês, o ISI. Apesar das repetidas negativas do governo do ditador Pervez Musharraf -importante aliado de Washington-, há indícios de que o ISI continue apoiando os milicianos. Vale lembrar que a criação do Taleban, no início dos anos 90, foi uma iniciativa do ISI financiada pelo dinheiro saudita.
Ao contrário do Iraque, a situação no Afeganistão, embora grave, não é desesperadora. Se EUA e europeus fizerem os investimentos em segurança e infra-estrutura necessários, é possível que, em alguns anos, o Afeganistão se torne um país estável.


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