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Alerta no Afeganistão
NÃO É apenas no Iraque que
surgem "efeitos colaterais adversos" da intervenção militar norte-americana.
Também no Afeganistão a situação está se deteriorando, ainda
que em escala muito menor.
O sinal de que as coisas não vão
bem veio dos americanos, que
anunciaram um aumento para
US$ 10,6 bilhões na ajuda -principalmente militar- ao país centro-asiático. A secretária de Estado, Condoleezza Rice, deixou
claro que espera dos europeus a
adoção de medidas semelhantes.
A intervenção dos EUA no Afeganistão -justificada reação aos
atentados de 11 de Setembro-
logrou destituir do poder o odioso regime do Taleban (que dava
guarida ao grupo terrorista de
Bin Laden) e instalar um governo democrático. Mas os combatentes do Taleban já se reorganizaram no sul do país e lançam
ataques esporádicos contra tropas da Otan e milícias rivais.
No ano passado, a violência
deixou um saldo de 4.000 mortos, o maior desde a queda do regime, em 2001. Teme-se que o
grupo deposto esteja preparando
uma ofensiva de primavera.
A reorganização do Taleban foi
possível graças aos recursos obtidos com o tráfico de ópio, cuja
área de cultivo cresceu 59% no
ano passado. As plantações afegãs, que estiveram perto de ser
extintas quando o Taleban estava no poder, respondem hoje por
92% da oferta global de ópio.
Outro ponto sensível são as relações entre o Taleban e o serviço secreto paquistanês, o ISI.
Apesar das repetidas negativas
do governo do ditador Pervez
Musharraf -importante aliado
de Washington-, há indícios de
que o ISI continue apoiando os
milicianos. Vale lembrar que a
criação do Taleban, no início dos
anos 90, foi uma iniciativa do ISI
financiada pelo dinheiro saudita.
Ao contrário do Iraque, a situação no Afeganistão, embora grave, não é desesperadora. Se EUA
e europeus fizerem os investimentos em segurança e infra-estrutura necessários, é possível que, em alguns anos, o Afeganistão se torne um país estável.
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