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FERNANDO RODRIGUES
Razão e acomodação
BRASÍLIA - Tarso Genro disse na
semana passada: "O governo Lula
não precisa das reformas política e
tributária para governar".
Elaborou mais: "O governo acha
que a reforma política é extremamente importante para o país, assim como a reforma tributária, por
isso queremos defendê-las e realizá-las, mas disto não depende a governabilidade. No sistema político
atual, mesmo com a demonstração
de esgotamento, qualquer governo
teria condições de governabilidade.
Não há perigo institucional".
As declarações de Tarso Genro
são escorreitas, mas revelam uma
certa acomodação do governo.
A correção está na negação do sofisma -defendido por Lula e por
políticos em geral- segundo o qual
uma reforma política imediata seria fundamental para o país.
Depois do desastre Collor e da
transição com Itamar, o sistema
atual produziu oito anos de FHC e
está a meio caminho de mais oito
anos de Lula. Com o tucano, o país
conheceu a estabilização econômica e uma certa maturação institucional. Com o petista, há um início
de melhor distribuição de renda e
um certo desejo de mais desenvolvimento. Serão 16 anos de caminhada para a frente. O ritmo poderia
ser outro, mais acelerado? Sim, poderia. Mas é esdrúxulo acreditar
que a panacéia seja o voto em lista
fechada e o financiamento público
exclusivo de campanhas.
Até aí, Tarso Genro falou o certo.
Teve coragem para negar o discurso
escrito pelo publicitário João Santana e lido por Lula no dia da posse,
em 1º de janeiro.
Registrado o acerto, é preciso
apontar para a desambição governista: conforma-se com a velocidade lenta dos avanços institucionais
e econômicos do país. Os petistas,
todos, acham que o Brasil crescerá
até 2010 mais do que nos períodos
anteriores. Não muito mais, mas o
suficiente para que a aliança lulista
vá ficando no poder. Nesse caso, para que reformas? Em suma, é a vitória da mediocridade.
frodriguesbsb@uol.com.br
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