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ELIANE CANTANHÊDE
Obama e Lula
SANTIAGO DE COMPOSTELA
- Pela expectativa mundial, até
2050, ou pelo menos até 2030, 80%
da energia consumida no planeta
ainda será de origem fóssil. É importante investir em pesquisa, tecnologia e produção de energias alternativas, como os biocombustíveis, mas não se pode ficar só nisso.
A canetada ambiental de Barack
Obama merece aplausos.
Os países mais ricos são também
os maiores poluidores, daí por que
George W. Bush brincou ao sair de
uma reunião internacional: "Adeus
do maior poluidor do mundo!".
Adeus e já vai tarde. Para compensar o tempo perdido, Obama defendeu o Protocolo de Kyoto e seus sucedâneos e deve fazer moções para
China e Índia seguirem a mesma
linha de apoio.
E vai da assinatura à prática, liberando os Estados para endurecerem nas exigências ambientais e
exigindo que as empresas deem tratos à bola para entregar ao mercado
carros com capacidade para 14,9
quilômetros por litro. O que, segundo ele, poderá economizar 2 milhões de barris de petróleo por dia,
algo correspondente à importação
do produto do golfo Pérsico.
Nesse tema, como de resto em todo tema ambiental, o Brasil está
sempre no foco. Em energia tradicional, tornou-se autossuficiente
em petróleo, já exporta e acaba de
anunciar ao mundo o pré-sal. Em
energia alternativa, tem recursos
naturais, proporções continentais,
clima e tecnologia de ponta.
Essas circunstâncias, aliadas à
projeção do Brasil, facilitam a agenda e a aproximação entre Obama e
Lula, que se falaram depois da eleição e depois da posse e estão prontos para ter um encontro em Washington. Eis a chance de repetirem
o bom diálogo de FHC e Clinton e
do próprio Lula e Bush. Com a facilidade de que Hillary Clinton, a secretária de Estado, tem bons conhecidos no país. Se Lula relevar os
laços dela com os tucanos, tem tudo
para dar certo. Melhor ainda se for
capaz de tirar proveito disso.
elianec@uol.com.br
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