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A roda da fortuna
CARLOS HEITOR CONY
Rio de Janeiro - São evidentes os sinais de que a roda da fortuna começa
a girar para o governo em geral e para
o presidente da República em particular. Há um núcleo, localizado meio
aleatoriamente em São Paulo, que
ainda considera FHC um eleito dos
deuses, um novo Tito, que era ``a delícia do gênero humano''. Mas no resto
do país, em que pese a popularidade
do Plano Real que ainda prevalece, o
desconfiômetro começa a funcionar.
Afinal, tudo o que há de bom no país
é obra dele. Tudo o que é ruim é obra
dos outros. Sua verborragia começa a
cansar. A própria classe política, que
funciona como limalha de ferro para
melhor ser atraída pelo imã central,
parece exausta de acreditar nele.
Afinal, os políticos vivem de suas bases e essas estão inquietas com o desemprego, com a quebra da espinha
dorsal nas relações do trabalho e, até
mesmo, com esse tal ``tamanho do Estado'', que passou a ser a besta negra
dos neoliberais que estão no poder.
A maioria dos brasileiros elegeu um
candidato de mão espalmada que resumia seu programa de ação em torno
de cinco prioridades fundamentais:
educação, saúde, emprego, segurança
e, se não me engano, casa ou terra.
Em nenhum momento de seu convívio eleitoral com o povo FHC falou em
reeleição, em venda da Vale do Rio
Doce, em ajuda aos bancos mal ou
fraudulentamente administrados, em
tamanho do Estado. Por escolha pessoal dele, seu modelo mais ostensivo
foi JK, que não prometeu emprego,
mas transformou o Brasil num canteiro de obras que mudou a nossa história e alegrou a alma do nosso povo.
Até agora, só vimos o presidente
realmente preocupado com alguma
coisa quando se tratou da emenda que
permitirá sua reeleição. Vencida essa
etapa, FHC distribui elogios para si
mesmo e críticas para os que não vão
no seu blablablá. Uma facúndia que,
além de cansar, começa a se voltar
contra ele.
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