São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2008

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ELIANE CANTANHÊDE

Olha a re-reeleição aí!

BRASÍLIA - Quando o Banco Central surpreendeu o mercado e o governo com uma alta de 0,5% na taxa Selic, também estava, aparentemente, surpreendendo o próprio presidente Lula. Ele já esperava a má notícia, mas não sabia do tamanho dela. A expectativa era de fato interromper a tendência de queda, mas com 0,25%, não com 0,50%.
Mas ficou por isso mesmo, porque para Lula, Henrique Meirelles (BC), boa parte (não toda) do governo e do país, o que está prevalecendo, além do já consolidado Bolsa Família e do badalado PAC, é a inflação sob controle e os 200.000 empregos formais novos a cada mês. Significa que a economia está vigorosa e que Lula está feliz da vida, assim como os eleitores também estão felizes da vida com ele.
Enquanto Serra, Alckmin e Aécio se engalfinham, a tese do terceiro mandato de Lula vai que vai. Na pesquisa Datafolha de dezembro, só 31% eram a favor. Na CNT/Sensus de ontem, já são 50,4%. São pesquisas diferentes e provavelmente abordagens também diferentes, mas há indicativos de que as pessoas estão engolindo a idéia com crescente facilidade.
Dois outros dados significativos divulgados ontem são que a avaliação pessoal de Lula subiu de 66,8% para 69,3% de fevereiro a abril e que, se a Constituição fosse modificada para permitir a ele disputar um terceiro mandato em 2010, o presidente bateria com folga o tucano Serra, favorito das pesquisas, por 51,1% a 35,7%. Enquanto a oposição, dividida, não exerce de fato oposição e Lula faz juras contra o terceiro mandato, essa brincadeira vai ganhando fôlego -ou, objetivamente, adeptos.
Como debate político e jurídico, a re-reeleição é uma coisa. Quando passa a ser uma opção popular, vira outra. Ontem mesmo, Lulinha lamentava (comemorando?) que não se faz tudo "em oito, nove ou dez anos". Quando o assunto é poder, ele não brinca em serviço.


elianec@uol.com.br

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