|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Olha a re-reeleição aí!
BRASÍLIA - Quando o Banco Central surpreendeu o mercado e o governo com uma alta de 0,5% na taxa
Selic, também estava, aparentemente, surpreendendo o próprio
presidente Lula. Ele já esperava a
má notícia, mas não sabia do tamanho dela. A expectativa era de fato
interromper a tendência de queda,
mas com 0,25%, não com 0,50%.
Mas ficou por isso mesmo, porque para Lula, Henrique Meirelles
(BC), boa parte (não toda) do governo e do país, o que está prevalecendo, além do já consolidado Bolsa
Família e do badalado PAC, é a inflação sob controle e os 200.000
empregos formais novos a cada
mês. Significa que a economia está
vigorosa e que Lula está feliz da vida, assim como os eleitores também estão felizes da vida com ele.
Enquanto Serra, Alckmin e Aécio
se engalfinham, a tese do terceiro
mandato de Lula vai que vai. Na
pesquisa Datafolha de dezembro,
só 31% eram a favor. Na CNT/Sensus de ontem, já são 50,4%. São pesquisas diferentes e provavelmente
abordagens também diferentes,
mas há indicativos de que as pessoas estão engolindo a idéia com
crescente facilidade.
Dois outros dados significativos
divulgados ontem são que a avaliação pessoal de Lula subiu de 66,8%
para 69,3% de fevereiro a abril e
que, se a Constituição fosse modificada para permitir a ele disputar
um terceiro mandato em 2010, o
presidente bateria com folga o tucano Serra, favorito das pesquisas,
por 51,1% a 35,7%.
Enquanto a oposição, dividida,
não exerce de fato oposição e Lula
faz juras contra o terceiro mandato,
essa brincadeira vai ganhando fôlego -ou, objetivamente, adeptos.
Como debate político e jurídico, a
re-reeleição é uma coisa. Quando
passa a ser uma opção popular, vira
outra. Ontem mesmo, Lulinha lamentava (comemorando?) que não
se faz tudo "em oito, nove ou dez
anos". Quando o assunto é poder,
ele não brinca em serviço.
elianec@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Não creio em bruxas, mas... Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Ser ou não ser - eis a questão Índice
|