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Batalha da informação
A coleção de quase 92 mil documentos sobre a atuação militar
dos EUA no Afeganistão, divulgada pelo site WikiLeaks, pelos jornais "New York Times" e "Guardian" e pela revista "Der Spiegel",
corrobora a avaliação dos mais severos críticos do combate iniciado
por George W. Bush, após o 11 de
Setembro, e aprofundado pelo
presidente Barack Obama.
Como resume o especialista em
Afeganistão Barry Posen, vinculado ao Instituto de Tecnologia de
Massachusetts, "as coisas estão
piores do que pensávamos". "Os
paquistaneses são menos confiáveis, o Taleban é mais forte, a Casa
Branca não sabe o que está fazendo e distorce a realidade."
Os documentos conferem um
rosto desumano a uma guerra até
aqui travada à distância do escrutínio da opinião pública. Como já
havia ocorrido com a Guerra do
Vietnã, as barreiras à informação
erguidas pelo governo dos EUA foram furadas.
Surgem agora evidências de
traição por parte dos serviços de
inteligência do Paquistão, que
têm dado apoio a insurgentes afegãos; há relatos de baixas civis
mais numerosas do que se acreditava, incluindo assassinatos de
crianças e deficientes físicos; e
aparecem provas de fortalecimento do Taleban e de incompetência
do Exército norte-americano.
O governo Obama obteve sucesso no primeiro teste político após a
divulgação das informações. Por
308 votos a 114, a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou o
aumento de verbas para financiar
o envio de mais 30 mil soldados.
Ainda assim, 102 deputados do
partido do presidente se posicionaram contra a medida.
Se não houver avanços na guerra -e não tem havido-, o contingente de insatisfeitos e opositores
só vai aumentar. Os documentos
constituem uma fonte quase inesgotável de argumentos na disputa
pela opinião pública, batalha na
qual o governo Obama também se
encontra em dificuldades.
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