São Paulo, quinta-feira, 29 de julho de 2010

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Editoriais

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Batalha da informação

A coleção de quase 92 mil documentos sobre a atuação militar dos EUA no Afeganistão, divulgada pelo site WikiLeaks, pelos jornais "New York Times" e "Guardian" e pela revista "Der Spiegel", corrobora a avaliação dos mais severos críticos do combate iniciado por George W. Bush, após o 11 de Setembro, e aprofundado pelo presidente Barack Obama.
Como resume o especialista em Afeganistão Barry Posen, vinculado ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts, "as coisas estão piores do que pensávamos". "Os paquistaneses são menos confiáveis, o Taleban é mais forte, a Casa Branca não sabe o que está fazendo e distorce a realidade."
Os documentos conferem um rosto desumano a uma guerra até aqui travada à distância do escrutínio da opinião pública. Como já havia ocorrido com a Guerra do Vietnã, as barreiras à informação erguidas pelo governo dos EUA foram furadas.
Surgem agora evidências de traição por parte dos serviços de inteligência do Paquistão, que têm dado apoio a insurgentes afegãos; há relatos de baixas civis mais numerosas do que se acreditava, incluindo assassinatos de crianças e deficientes físicos; e aparecem provas de fortalecimento do Taleban e de incompetência do Exército norte-americano.
O governo Obama obteve sucesso no primeiro teste político após a divulgação das informações. Por 308 votos a 114, a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou o aumento de verbas para financiar o envio de mais 30 mil soldados. Ainda assim, 102 deputados do partido do presidente se posicionaram contra a medida.
Se não houver avanços na guerra -e não tem havido-, o contingente de insatisfeitos e opositores só vai aumentar. Os documentos constituem uma fonte quase inesgotável de argumentos na disputa pela opinião pública, batalha na qual o governo Obama também se encontra em dificuldades.


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