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Aperfeiçoar o Prouni
O PROUNI, o programa federal que concede bolsas de
estudo para que alunos
carentes freqüentem universidades privadas, é uma idéia engenhosa que pode ajudar a ampliar o ainda muito reduzido número de brasileiros com formação superior -apenas 4,5%.
Infelizmente, essa valiosa iniciativa está sendo prejudicada
pelo grave problema da má qualidade do ensino. Levantamento
realizado por esta Folha mostrou que o Ministério da Educação (MEC) está beneficiando
237 cursos ruins, isto é, que obtiveram notas 1 e 2 (as piores) no
Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) de
2004 e 2005. Esse número representa quase a metade (48%)
dos cursos mal avaliados.
O logro é duplo. Saem enganados o contribuinte, cujos recursos estão sendo investidos num
bem que deixa muito a desejar, e
os próprios alunos, que entram
numa faculdade achando que ela
lhes proporcionará uma formação pelo menos razoável. O único lado favorecido é o da escola,
que, ao participar do programa,
goza de incentivos fiscais.
É verdade que o Enade é apenas um elemento da avaliação
dos cursos, e seria injusto fechar
faculdades por conta de uma
única nota ruim. Mas o poder
público deve ser mais rigoroso
na destinação do dinheiro do
contribuinte. Como afirma o ministro da Educação, Fernando
Haddad, em artigo publicado na
página ao lado, o Prouni precisa
ser aperfeiçoado.
Uma alternativa é exigir que o
governo federal leve em conta a
qualidade do curso antes de credenciá-lo para o programa. Apenas instituições com boas notas
poderiam participar.
Propiciar que mais brasileiros
concluam a universidade é importante, mas não basta. É preciso também assegurar que encontrem formação adequada.
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