São Paulo, terça-feira, 29 de agosto de 2006

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Aperfeiçoar o Prouni

O PROUNI, o programa federal que concede bolsas de estudo para que alunos carentes freqüentem universidades privadas, é uma idéia engenhosa que pode ajudar a ampliar o ainda muito reduzido número de brasileiros com formação superior -apenas 4,5%.
Infelizmente, essa valiosa iniciativa está sendo prejudicada pelo grave problema da má qualidade do ensino. Levantamento realizado por esta Folha mostrou que o Ministério da Educação (MEC) está beneficiando 237 cursos ruins, isto é, que obtiveram notas 1 e 2 (as piores) no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) de 2004 e 2005. Esse número representa quase a metade (48%) dos cursos mal avaliados.
O logro é duplo. Saem enganados o contribuinte, cujos recursos estão sendo investidos num bem que deixa muito a desejar, e os próprios alunos, que entram numa faculdade achando que ela lhes proporcionará uma formação pelo menos razoável. O único lado favorecido é o da escola, que, ao participar do programa, goza de incentivos fiscais.
É verdade que o Enade é apenas um elemento da avaliação dos cursos, e seria injusto fechar faculdades por conta de uma única nota ruim. Mas o poder público deve ser mais rigoroso na destinação do dinheiro do contribuinte. Como afirma o ministro da Educação, Fernando Haddad, em artigo publicado na página ao lado, o Prouni precisa ser aperfeiçoado.
Uma alternativa é exigir que o governo federal leve em conta a qualidade do curso antes de credenciá-lo para o programa. Apenas instituições com boas notas poderiam participar.
Propiciar que mais brasileiros concluam a universidade é importante, mas não basta. É preciso também assegurar que encontrem formação adequada.


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