São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2010

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Bienal de Artes de SP - Alternativa 2010

IVALD GRANATO


Para este ano de 2010, já se desenha uma Bienal confusa, sem verdadeira preocupação com a arte, sem pesquisa sólida ou escolha fundamentada


Depois da última Bienal de São Paulo, em 2008, pedimos uma real e profunda reflexão, pois nela não vimos arte em suas várias representações. Ficou, literalmente, um vazio depois de milhões de reais investidos no vazio.
Para este ano de 2010, já se desenha uma Bienal confusa, com declarações sem conceito definido: arte política, terreiro, posições desencontradas, explicações que mudam a cada dia, parecendo visar apenas agradar à mídia, sem uma verdadeira preocupação com a arte, sem pesquisa sólida ou escolha fundamentada.
Depois da crise, o mercado tenta novamente estender seu domínio, mas devemos ter posição firme, clara, para um melhor e mais promissor mundo da arte, promovendo ação e reflexão para alimentar com consistência a nossa cultura.
Já se faz notar que a Bienal maquiará uma feira, alternando interesses de mercado e grupos de amigos, em acordos previamente acertados, sem nenhuma lógica ou justificativa conceitual em benefício do desenvolvimento da arte.
Nenhuma pesquisa -ou conselho- para a formação do grupo curatorial, ignorando o exemplo da Bienal de Walter Zanini, Sheila Leiner (a grande parede) ou ainda de Roberto Muylaert (que gerou tradição e ruptura).
A chamada de ordem do poder econômico grita mais alto e não é, necessariamente, a real expressão da arte. Arte política se faz por simbolismos, denunciando poderes autoritários ou regimes de repressão, sejam eles políticos, religiosos ou sectários.
Daí a ideia de fazer política democrática organizando uma manifestação para que todos os artistas possam levar sua mensagem por meio de uma obra, de qualquer estilo ou forma, para fazermos um grande cordão em volta do prédio da Bienal, fazendo mostrar que não conhecem a produção real da arte.
Será esta a possibilidade de mostrarmos o que verdadeiramente se produz atualmente.
Proponho, logo após o cordão, fazermos uma grande montanha de obras, e vamos descobrir qual será o seu destino, mostrando claramente as parcerias disfarçadas de conceitos contemporâneos de destino certo: o mercado especulativo, que prevê retorno do investimento, a bolha (ilusória) da arte.
Pelo muito que já foi divulgado na mídia e em redes sociais da internet, a 29ª Bienal será um "make-up" (influência da São Paulo Fashion Week?), uma feira com interesses de grupos que faturam no mercado de arte e artistas partícipes destes acordos "the dark side of the moon" da Bienal. "Sorry", Pink Floyd, pela lista dos "Deuses do Olimpo".
E o público? Ninguém pensou na importantíssima função socioeducativa para as massas? Nós pensamos e vamos fazer a Bienal de todos.
Compareçam com uma obra de qualquer formato ou estilo.
Vamos criar uma bienal democrática e não oficial, como nunca foi visto; vamos ativar o circuito artístico e mostrar que Bienal política tem que ser democrática.


IVALD GRANATO, artista plástico e performático, é o presidente da ONG G11 - Associação para o Desenvolvimento da Arte e Cultura.


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