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CALOTE NOS FUNDOS
Algumas das principais vítimas da moratória decretada
pela Argentina são futuros aposentados que contribuem para fundos de
pensão privados criados no país a
partir da reforma previdenciária. Essas instituições têm 66% de suas carteiras em papéis do governo. Situação semelhante verifica-se em outros
países, caso do Chile, cujos fundos
também detêm em seus portfólios títulos argentinos.
Se efetivada, a proposta de limitar o
pagamento da dívida a 25% de seu
valor deixaria o sistema de aposentadoria argentino em situação delicada. A maior parte dos fundos rejeitou
a "pesificação" dos títulos sugerida
pelo governo no ano passado, na expectativa de vir a sustentar ganhos
futuros em dólar. A esperança, com a
moratória, virou pó.
Os problemas dos fundos de pensão argentinos também foram agravados pela redução da contribuição
sobre os salários, que caiu de 11% para 5% em 2001, quando o então ministro Domingo Cavallo acreditou
que a medida serviria para estimular
o consumo. O atual governo recompôs a situação, mas apenas parcialmente, fixando o desconto em 7%.
Em entrevista ao jornal "Valor", um
ex-administrador do fundo de pensão do Banco de la Nación considera
que no curto prazo a situação não é
grave, podendo melhorar substancialmente se o governo concordar
em trocar os bônus em "default" por
títulos sem desconto no valor de face. As maiores apreensões dizem
respeito ao cenário de longo prazo.
Hoje, cerca de 3 milhões de argentinos contribuem para os fundos privados, que mantêm só 120 mil aposentados, proporção confortável,
mas que se modificará com o tempo.
O caso argentino serve de alerta para o Brasil, que deverá em breve ingressar num novo regime previdenciário, também com a criação de fundos de pensão. Para reduzir os riscos
de crises no sistema, será indispensável assegurar um rígido regime de
responsabilidade na formação das
carteiras de investimento.
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