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FERNANDO RODRIGUES
O PT, o céu e o inferno
BRASÍLIA - Todos os levantamentos eleitorais mostram um possível avanço consistente do PT na
eleição do próximo domingo. A sigla de Lula pode pular dos 411 prefeitos conquistados em 2004 para
algo entre 600 e 700. Nas 79 cidades grandes (26 capitais e 53 municípios com mais de 200 mil eleitores), os 18 eleitos de quatro anos atrás devem ir a 25.
Mas há várias pedras separando
os petistas do céu eleitoral. Se algumas vitórias emblemáticas não se
confirmarem, a leitura da vitória do
PT virá com ressalvas na segunda-feira que vem.
Há três capitais mais relevantes
para os petistas do ponto de vista
político: São Paulo, Salvador e Porto Alegre. No caso paulistano, Marta Suplicy está perigosamente no
mesmo patamar de exatos quatro
anos atrás: cerca de 35% das intenções de voto. Sua rejeição de 30%
continua inquebrantável. Naquela
oportunidade, ela foi ao segundo
turno e acabou sendo derrotada pelo tucano José Serra.
Em Porto Alegre, o PT corre o risco de ser excluído do segundo turno
pela primeira vez. Seria outra prova
da incapacidade do partido para
dissipar a má impressão de suas administrações passadas no Sul.
Finalmente, em Salvador os lulistas comandam o Estado e sonhavam alto com o domínio da política
soteropolitana. Mas não está clara
ainda a possibilidade de vitória.
Tudo somado, a legenda mais
bem sucedida no Brasil não enfrenta um caminho suave. Só uma coisa
é certa: ninguém mais tira do PT
uma marca histórica: desde o fim da
ditadura militar, em 1985, trata-se
da única sigla de grande porte cujo
número total de prefeitos eleitos
sempre é maior a cada eleição.
Se for ao segundo turno, mesmo
sem ganhar depois, Gilberto Kassab
já será o grande vitorioso do PFL
"de raiz" (hoje DEM) na região Sudeste. É um feito razoável.
frodriguesbsb@uol.com.br
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