São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES A grande promessa
ENNIO CANDOTTI
Recolhimento indevido, uma vez que burla a própria Lei de Diretrizes Orçamentárias, de 2002 (nš 10.524), que exclui de limitações e "contingenciamentos" os recursos para CT&I, incluindo os fundos setoriais que, sendo vinculados a finalidade específica, devem ser utilizados exclusivamente para atender esse objetivo. Não são apenas jurídicas as razões da denúncia. Mais graves talvez sejam os próprios danos que o "confisco" desses recursos traz para o desenvolvimento científico e tecnológico que os fundos têm por objetivo promover, uma vez que paralisa as ações programadas e torna impossível pensar em novos modos de financiamento não-tributário semelhantes. Os objetivos de agregar mais conhecimento e inovação às políticas públicas e à produção da indústria e da agricultura ficam assim comprometidos, e o símbolo dos 2% perdido. Deve-se, também, observar que os mencionados R$ 2,2 bilhões subtraídos do orçamento de CT&I correspondem somente à metade das "perdas e danos" correntes. Existe outro fundo imobilizado. O Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações), que acumulou receitas de cerca R$ 2,5 bilhões, administrado pelo Ministério das Comunicações. Esses recursos, que têm sido recolhidos pela Fazenda, não podem ser destinados aos seus fins devido a entraves de ordem jurídica que Executivo e Legislativo tardam em resolver. Trata-se de fundo criado logo após a privatização do sistema Telebrás, para promover a universalização do acesso às telecomunicações, tanto dos meios, como, possivelmente, das próprias finalidades e da formação de recursos humanos necessários para alcançar esses objetivos. Novamente, a falta de entendimento que permita contornar as razões que justificam o bloqueio dos recursos do Fust tem como consequência retardar a construção de uma ampla rede de comunicação que ligue escolas e laboratórios, centros comunitários , universidades e bibliotecas. Somados, os recursos das fontes mencionadas são superiores ao atual orçamento do MCT. Suas contribuições são hoje decisivas para que se possa traçar o caminho das metas que os 2% sinalizam -e cumprir a promessa em quatro ou cinco anos. Ennio Candotti, 61, professor do Departamento de Física da Universidade Federal do Espírito Santo, membro do Conselho de Ciência e Tecnologia do MCT, é o presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Jorge Bornhausen: O engenhoso Aznar Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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