São Paulo, segunda-feira, 29 de outubro de 2007

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Queda a comemorar

AS MORTES por armas de fogo caíram 12% no Brasil entre 2003 e 2006. O dado foi apurado pelo Ministério da Saúde e consta do estudo "Redução do Homicídio no Brasil". Em números absolutos, foram registrados 34.648 óbitos resultantes de ferimentos por bala em 2006, contra 39.325 em 2003.
No que diz respeito ao dado expresso como proporção da população, a queda foi mais expressiva (18%). O índice passou de 22 óbitos por 100 mil habitantes em 2003 para 18 em 2006.
Outra boa notícia é que a tendência de redução está se consolidando. Os óbitos subiam de 1980 a 2003, quando ocorreu o último aumento. Desde então, vêm diminuindo a taxas expressivas: -5,6% em 2004, -3,2% em 2005 e -4% em 2006.
Tal redução é um fenômeno complexo e multifatorial. Como a pesquisa não aponta suas causas, tudo o que se pode fazer é levantar hipóteses. E elas existem para todos os gostos.
Entusiastas do desarmamento verão aí as impressões digitais das campanhas de recolhimento de revólveres. Tal possibilidade é reforçada quando se considera que as reduções foram mais acentuadas onde as autoridades coligiram mais armas.
Também os advogados da ação policial têm motivos para comemorar. As quedas foram lideradas por São Paulo (-48,3%), Estado que ostenta as maiores taxas de encarceramento de bandidos.
Os mais céticos podem afirmar que a queda é um efeito esperado das mudanças demográficas por que passa o país: 92% das vítimas de homicídio são homens entre 15 e 39 anos; com o envelhecimento populacional e a redução da natalidade, essa faixa vai ficando mais estreita, pesando cada vez menos nas estatísticas.
É preciso produzir mais estudos para testar essas hipóteses. Precisamos descobrir o que estamos fazendo de certo.

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