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POLÍCIA EM CRISE
Deficiências de estrutura física, má formação de policiais,
necessidade de mais investimentos
em tecnologia e de mais integração
das informações são os principais fatores que tornam pífio o desempenho da Polícia Civil na elucidação de
crimes. Esse diagnóstico, em nada
novo, foi reiterado pelo secretário nacional de Segurança Pública, Luiz
Fernando Corrêa, em entrevista publicada ontem por esta Folha.
Para ter uma idéia da ineficiência
reinante, na cidade de São Paulo, onde o Ministério Público encomendou
uma pesquisa sobre o tema, apenas
cerca de 20% dos casos de homicídio
que chegam às delegacias são resolvidos. Nos EUA, a média é de 66%.
Embora não existam dados nacionais, Corrêa admite que é muito baixo o índice de esclarecimento em todo o país. Esse mau desempenho
contribui para difundir a sensação de
impunidade, um dos fatores que realimentam a criminalidade.
Menos mau que a Secretaria Nacional de Segurança Pública tenha esboçado um plano para melhorar o desempenho da polícia. O projeto traz
medidas elogiáveis, como a criação
de delegacias distritais para reforçar
o policiamento comunitário, o desenvolvimento de padrões nacionais
para a formação de policiais e mais
ênfase na atividade investigativa.
É difícil, porém, não observar com
uma dose de ceticismo a eficácia de
planos desse tipo. Há, no Brasil, um
cenário de precariedade material e
desarticulação entre as instâncias encarregadas de zelar pela segurança
pública que está a exigir ações mais
efetivas não apenas do governo federal mas dos Estados, que são, afinal,
os responsáveis pelas polícias.
É preciso pensar a gestão policial
de forma mais abrangente e coordenada, envolvendo as diversas corporações e esferas de poder num projeto nacional de melhoria da segurança pública. Foi o que o atual governo
prometeu, mas até aqui os resultados não são os mais animadores.
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