São Paulo, terça-feira, 29 de novembro de 2005

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POLÍCIA EM CRISE

Deficiências de estrutura física, má formação de policiais, necessidade de mais investimentos em tecnologia e de mais integração das informações são os principais fatores que tornam pífio o desempenho da Polícia Civil na elucidação de crimes. Esse diagnóstico, em nada novo, foi reiterado pelo secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, em entrevista publicada ontem por esta Folha.
Para ter uma idéia da ineficiência reinante, na cidade de São Paulo, onde o Ministério Público encomendou uma pesquisa sobre o tema, apenas cerca de 20% dos casos de homicídio que chegam às delegacias são resolvidos. Nos EUA, a média é de 66%.
Embora não existam dados nacionais, Corrêa admite que é muito baixo o índice de esclarecimento em todo o país. Esse mau desempenho contribui para difundir a sensação de impunidade, um dos fatores que realimentam a criminalidade.
Menos mau que a Secretaria Nacional de Segurança Pública tenha esboçado um plano para melhorar o desempenho da polícia. O projeto traz medidas elogiáveis, como a criação de delegacias distritais para reforçar o policiamento comunitário, o desenvolvimento de padrões nacionais para a formação de policiais e mais ênfase na atividade investigativa.
É difícil, porém, não observar com uma dose de ceticismo a eficácia de planos desse tipo. Há, no Brasil, um cenário de precariedade material e desarticulação entre as instâncias encarregadas de zelar pela segurança pública que está a exigir ações mais efetivas não apenas do governo federal mas dos Estados, que são, afinal, os responsáveis pelas polícias.
É preciso pensar a gestão policial de forma mais abrangente e coordenada, envolvendo as diversas corporações e esferas de poder num projeto nacional de melhoria da segurança pública. Foi o que o atual governo prometeu, mas até aqui os resultados não são os mais animadores.


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