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CARLOS HEITOR CONY
Quanto custa um preso?
RIO DE JANEIRO - Li, em algum lugar, que um preso custa ao Estado R$
1.500, não incluindo no preço da
mensalidade os custos anteriores com
a polícia, os inquéritos, as perícias, as
despesas do Judiciário com promotores, juízos, recursos etc -o que deve
dobrar a despesa do erário público
para manter o condenado numa penitenciária.
Se Swift fosse vivo, aconselharia o
Estado a fechar todas as penitenciárias e a hospedar os condenados em
hotéis três estrelas. Poderia sair mais
barato aos cofres públicos e calaria a
boca daqueles que reclamam das péssimas condições das penitenciárias.
Antes que algum leitor pense que o
Swift citado seja um antigo frigorífico
que fabricava presuntos e salsichas,
lembro que se trata do mesmo autor
que sugeriu comermos criancinhas
recém-nascidas nas entressafras do
abastecimento de outras carnes.
Swift era juiz e escreveu um dos livros
mais importantes da literatura universal. Influenciou Machado de Assis,
mas, na outra ponta da corda, teve a
desgraça de influenciar um desalmado como eu.
Voltemos ao preço das penitenciárias. Embora precárias, sórdidas, sem
oferecer segurança, insuficientes para
a demanda do mercado, elas oneram
as burras nacionais com um custo
exagerado. "O que fazer?", perguntou Lênin em contexto diverso. Soltar
os presos, como fez recentemente um
juiz? A alternativa seria a pena de
morte, mas ela também custa caro.
Tão caro que os nazistas, depois de
fuzilarem milhões de judeus durante
a Segunda Guerra, ao adotarem a solução final descobriram um gás que
matava a custo mais razoável.
Cadeira elétrica ainda é mais cara
do que o fuzilamento-a descarga letal exige uma voltagem que custa o
equivalente ao consumo de luz de um
bairro inteiro durante um mês.
Como se vê, a solução mais barata é
botar os presos nos hotéis três estrelas, que, certamente, darão o desconto habitual quando hospedam grupos com mais de cinco pessoas.
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