|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
Despreparo sem fim
BRASÍLIA - Basta um momento
de necessidade para vir abaixo a tese de que o Brasil é hoje um país
preparado para enfrentar crises e
situações de necessidade. Não vale
comparar com a conjuntura de 20
anos atrás. Desenvolvimento inercial é algo bem diferente. O Paraguai também está muito melhor do
que há duas décadas.
No plano econômico, a quimera
da blindagem brasileira se desmancha a cada dia. A Petrobras acaba de
pedir água estatal ao BB e à CEF.
Onde foi parar o sólido e bem regulado sistema financeiro?
Ainda sobre blindagem, nunca é
demais lembrar o tamanho da queda do índice Bovespa: 43% neste
ano (cerca de 50% em dólar). Em
Nova York, a perda foi de 34%.
Mas desgraças cotidianas atestam de maneira mais doída a crônica incapacidade gerencial dos governos brasileiros, em todos os níveis -municipais, estaduais e federal. Reportagem de Evandro Spinelli na Folha ontem mostrou a inexistência de mapeamento de áreas
de risco nos municípios destruídos
pela chuva em Santa Catarina.
Embora seja uma responsabilidade municipal, nada impede governos estaduais e federal de ajudarem. Nunca na história deste país
houve tantos ministérios. São 37 os
assessores de Lula no primeiro escalão. Pelo menos três teriam condições de atuar incentivando as cidades a executar estudos sobre
áreas de risco: Integração Nacional
(onde está a Defesa Civil), Minas e
Energia (que comanda o Serviço
Geológico do Brasil) e a pasta das
Cidades (por razões óbvias).
Mas o ministro de Minas e Energia quer ser governador do Maranhão. O da Integração Nacional sonha em comandar a Bahia. O das
Cidades é um tecnocrata colocado
na cadeira para "atender ao PP".
Esse foi o azar de Santa Catarina.
Não há nenhum político do Estado
ocupando um lugar vistoso na Esplanada dos Ministérios de Lula.
frodriguesbsb@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Nova Orleans tropical? Próximo Texto: Rio de Janeiro - Ruy Castro: Sentado atrás do gol Índice
|