São Paulo, quarta-feira, 29 de dezembro de 2010 |
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FERNANDO RODRIGUES Bomba-relógio BRASÍLIA - É um sofisma o argumento usado pelo governo -e petistas em geral- a respeito da pulverização das verbas de publicidade. Eis a lógica: se a propaganda existe, então é melhor dividir o dinheiro entre o maior número possível de veículos de comunicação. Quando Lula assumiu o Planalto, 499 jornais, revistas, TVs, rádios, portais e sites de internet, entre outros, recebiam verbas publicitárias federais. Hoje, oito anos depois, o número aumentou para 8.094. Um salto de 1.522%. O raciocínio chapa-branca se sustenta no fato de Lula ter mantido os gastos no mesmo patamar do governo tucano de Fernando Henrique Cardoso: um pouco acima de R$ 1 bilhão por ano, descontados os custos com publicidade legal (balanços), produção dos comerciais e patrocínio. Ou seja, sem ampliar os gastos, Lula "democratizou" (sic) o dinheiro entre mais veículos. Fez algo positivo, certo? Errado. Uma parte não fecha nessa conta. Trata-se da pergunta não respondida: por que o governo federal precisa, por exemplo, gastar R$ 20 milhões na atual campanha cujo slogan é "estamos vivendo o Brasil de todos"? Nesta semana, TVs de várias partes do país também veicularam um comercial enaltecendo o Banco da Amazônia. Essa instituição federal tem as funções de uma agência de desenvolvimento. Não há razão para fazer propaganda. Na oposição, Lula e o PT cansaram de malhar os gastos publicitários do PSDB. Uma vez no Planalto, aderiam à estratégia de maneira mais sofisticada. Milhares de rádios e blogs pelo país agora recebem de R$ 1.000 a R$ 3.000 por mês. Se um presidente ousar cortar tal despesa terá de encarar as imprecações incessantes dessa turba. Publicidade estatal às vezes é uma forma de censura indireta. Vira um vício. Receber R$ 1.000 por mês no interior é uma benção. Lula criou uma bomba-relógio quase impossível de ser desarmada. fernando.rodrigues@grupofolha.com.br Texto Anterior: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Lula, democrata Próximo Texto: Rio de Janeiro - Ruy Castro: Um mês depois Índice | Comunicar Erros |
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