São Paulo, sexta-feira, 30 de janeiro de 2004

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RESISTIR À BARBÁRIE

Foi com profunda indignação que o país recebeu a notícia do assassinato de três auditores do Ministério do Trabalho no noroeste de Minas Gerais, presumivelmente em represália à fiscalização das condições de trabalho em fazendas do Estado. Há suspeitas de que o assassinato possa estar relacionado com a atuação do ministério no combate ao trabalho escravo. O crime provocou imediata reação do governo, que anunciou a criação de uma força-tarefa para conduzir as investigações.
Fazem bem as autoridades do país em reagir com presteza. É preciso dar sinais de que a brutalidade desfechada contra os fiscais -e também contra o motorista que com eles trabalhava- não irá intimidar os responsáveis pela fiscalização e desviar o ministério da tentativa de erradicar o trabalho escravo.
Esse tipo de regime, como se sabe, é fruto, em nossos dias, de uma série de coações, entre elas a indução ao endividamento dos empregados com transporte e alimentação, de modo que não consigam quitar os compromissos, permanecendo presos a seus "senhores". Segundo dados oficiais, apenas no ano passado cerca de 5.000 trabalhadores em situação análoga à de escravidão foram libertados em diligências do Ministério do Trabalho.
Eliminar essa prática deve ser um compromisso acima de colorações políticas e partidárias. É a consciência do país, independentemente deste ou daquele governo, que repudia a barbárie do trabalho escravo.
É de esperar, portanto, que a elogiável mobilização das autoridades não se limite ao primeiro momento. É indispensável que as investigações sejam conduzidas com rigor e celeridade para que os responsáveis pelo crime possam ser identificados, julgados e punidos.


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