|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MARCELO BERABA
Papel de banana
RIO DE JANEIRO - O governo do Rio iniciou mais uma campanha na televisão para mostrar que diminuíram
a violência e a criminalidade na cidade. É apenas propaganda.
É possível que alguns índices de crimes tenham caído, mas continuam
escandalosamente altos. E os fatos,
mais do que os números, não comprovam a publicidade. Basta ver o
que aconteceu nos últimos dias.
O governo não consegue dar conta
dos comandos de traficantes. Eles
continuam dominando e horrorizando não só as favelas mas bairros inteiros. Na terça-feira, por exemplo,
um bando decidiu fazer uma festa
(essa é a hipótese da polícia), desceu o
morro e saqueou o comércio de Vila
da Penha. Os comerciantes calculam
que tenham levado mais de 300 quilos de carnes e bebidas. No mesmo
dia, no centro da cidade, outro bando
de traficantes decretou luto pela morte de um bandido e fechou o comércio
em torno da Central do Brasil.
Vias públicas essenciais como o túnel Rebouças e as linhas Amarela e
Vermelha foram obstruídas por causa de bondes e tiroteios.
Mas a violência organizada que desafia o governo e a população não se
restringe ao tráfico de drogas. As
guerras pelo controle dos transportes
clandestinos (e por alguns já legalizados) e pelos pontos-de-venda dos camelôs também formam quadrilhas e
geram enfrentamentos, mortes e corrupção policial.
É evidente que a política de segurança do governo não está dando
certo. Que política? A política do confronto. Não é a política da inteligência, dos procedimentos técnicos, da
investigação, do planejamento, da
prevenção, mas a do confronto.
Nesta semana mesmo, o secretário
de Segurança, Anthony Garotinho,
não só reafirmou essa política como
soltou mais uma daquelas frases que
parecem indicar força e determinação, mas soam a bravata e fanfarronice: "A polícia não vai fazer papel de
banana". E quem disse que vai?
Texto Anterior: Brasília - Eliane Cantanhêde: Na berlinda Próximo Texto: José Sarney: Aos portadores de cálculo renal e ministros Índice
|